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terça-feira, 10 de junho de 2014

O problema não é nem o Papa ou o papado.



Achei tão bom este texto do José M. Castillo, que não quis deixar a oportunidade de o colocar aqui também! Está em castellano, traduzi o melhor que pude, espero que vos ajude e seja de alimento são e sólido! 

Faz tempo que não paro de dar voltas a este assunto. Já disse mais que uma vez, que o problema não é o papa, mas o papado. Agora percebo, depois de passar alguns dias em Roma, que estamos diante de um problema muito mais grave. Um problema que - na minha humilde opinião - muitas pessoas não imaginam. Já o digo. E direi com clareza. O problema não é nem o Papa ou o papado. O problema é a religião, que o papa e o papado representam.

É verdade que o papa atual, o Papa Francisco, é neste momento, um dos homens mais importantes do mundo. Também é verdade que este Papa teve (e tem) muita ressonância em largos sectores da opinião pública mundial, porque as pessoas sentem nele uma proximidade, uma humanidade e bondade que não é frequente encontrar em homens importantes que governam este mundo. Isto é verdade. E ninguém duvida disso.

No entanto, isto que é tão claro, é precisamente o que nos confronta com o problema de fundo. Porque, é evidente, a preocupação do Papa Francisco para com os que sofrem no mundo. Mas mais evidente como essa preocupação bondosa do papa, está também patente, a fidelidade religiosa do papa, à instituição que representa, a Igreja Católica Romana, regida e controlada pela Cúria Vaticana.

O Papa Francisco quer, sem nenhuma dúvida, estar perto dos que sofrem. Mas quer ficar perto deles a partir da distância que representa para estes a grandeza, a solenidade, o enigma da Cidade do Vaticano, a cidade sagrada, da cidade da religião por excelência. A religião que seduz as pessoas. Mas que, ao mesmo tempo, é geralmente aceite como um sistema de hierarquias, o que implica dependência, submissão e subordinação a superiores invisíveis.

O Papa Francisco sabe estas coisas. E sofre com elas. Porque na sua carne suporta a própria contradição que leva em si mesma, o cargo que ocupa. A contradição que implica receber os pobres na Praça de São Pedro, e, em seguida, receber aqueles que oprimem os pobres no palácio papal. O que, em última análise, significa potenciar a estabilidade do sistema estabelecido. A estabilidade que encontra a sua última garantia última na autoridade invisível de poder mais alto. É evidente que, para muitos cidadãos do mundo, o representante visível desse poder invisível é o papa.

Pode um papa, este papa, dar uma volta tão radical e tão forte ao papado, que não só modifique  o governo da Igreja, mas, acima de tudo, que o mundo inteiro possa ver a coerência e a harmonia entre o que o Papa diz e o que o papa faz? Reconheçamos que tal não está ao alcance de um único homem. Especialmente se sabemos que este homem - o jesuíta Jorge M. Bergoglio - está tendo resistências muito fortes dentro de sua própria casa. Por isso, eu não aro de perguntar-me: será possível desalojar do Vaticano os rituais intermináveis e detalhados, que legitimam e justificam tantos cargos, tantas invejas, tantos postos de poder, ocupados (não raras vezes) por gente medíocre, e colocar no seu lugar o Evangelho de Jesus, que é como colocar no centro da Igreja, a bondade de Jesus como sistema de governo?

Eu sei que tudo isto é uma utopia. Mas não foi também uma utopia o Sermão da Montanha (Mt 5-7), o julgamento final que anunciou o Evangelho de Mateus (Mt 25), toda a vida de Jesus? É verdade. Essa foi uma incrível utopia. E, no entanto, é aquela utopia (seja ela como seja) que guia os passos do papa Francisco, neste momento tão decisivo como dramático, para o futuro da Igreja. E talvez o do próprio mundo.


José M. Castilho (ler original aqui)



9 comentários:

Maria-Portugal disse...

Mas Jesus tb ia aos banquetes dos fariseus...ou andava com os cobradores de impostos,que eram sinal do sistema opressor...mas ia sempre referindo de que lado estava...é o que o Papa Francisco faz !

vp disse...

Sim santa Pomba, mas:

“Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não…” Mt. 5,37

….resvalando ainda mais no interior profundo do Evangelho:

“Ninguém pode servir a dois senhores…” Mt. 6,24

Não o tem nada fácil o pobre do irmão Francisco…


Nele que nos ajuda a caminhar...

Maria-Portugal disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Maria-Portugal disse...

Pois...mas não é o Papa Francisco que serve dois senhores e sempre censura quem o faz...com uma linguagem bem clara de sim...sim...não,,,não...por isso já se diz à boca pequena na curia"para que fomos escolher este argentinozito? "


E a saúde ? Como vai??

Anónimo disse...

Sim, Jesus partilhava refeicoes com fariseus e convivia com cobradores de impostos, mas nao se coibia de lhes chamar hipócritas a proposito dos seus comportamentos de falsa piedade. Tinha, porém, uma vantagem em relacao ao Papa: fariseus e afins nao eram do seu séquito, em geral estavam fora do grupo daqueles que o seguiam (apesar de haver uma lenda que diz que Mateus seria cobrador).
O Papa nao escolheu o grupo, foi o "grupo" que o escolheu a ele, num momento de inspiracao que agora lhes está a ser indigesto. E se, na sua sinceridade genuina, tem de conviver com os elementos que o compoem e simultaneamente com os pobres que eles oprimem pela deformacao das consciencias e esmagamento pela ignorancia (lembremo-nos de que o Evangelho esteve muitos seculos inacessivel ao povo simples que nao sabia latim), fá-lo prudentemente, com a subtileza necessaria para limpar o ninho sem esmagar os ovos. Simples como a pomba, prudente como a serpente, tal como diz o conselho...
E neste espirito, como fiéis a Cristo e ao seu Evangelho, resta-nos confiar, olhando os sinais dos tempos, para nao sermos néscios.
Sopram ventos que podem ser de mudanca... oremos ao Espirito para que traga a Paz á sua Igreja e fortaleca Francisco no seu trabalho de pastor.
Lila

Maria-Portugal disse...

pois Lila...efectivamente foi o q eu disse,assim volto a dizer:"mas ia sempre referindo de que lado estava...é o que o Papa Francisco faz !"

Maria-Portugal disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
vp disse...

Bom dia...

Confio que o ES amparará o caminho e a vida deste Papa... está a fazer um belo trabalho sim... e iso é o que importa... não se desviar da mensagem do Evangelho...

Estive esta manhã a fazer uma carga de análises e exames para levar dia 20 ao médico de família, mas tudo corre normalmente,salvo a questão do Duplo J que lá vai dando trabalhos... dores, alguma perda de sangue e descontrolos por vezes do aparelho urinário... tenho que ser paciente e confiar..tudo passará...

Fico feliz pelas melhoras da Irmã Lila e as suas aguardo que tudo volte ao normal e possa ver e ler melhor no futuro... confiemos...

Nele em quem confiamos..

Miguel disse...
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