Achei tão bom este
texto do José M. Castillo, que não quis deixar a oportunidade de o colocar aqui
também! Está em castellano, traduzi o melhor que pude, espero que vos ajude e
seja de alimento são e sólido!
Faz
tempo que não paro de dar voltas a este assunto. Já disse mais que uma vez, que
o problema não é o papa, mas o papado. Agora percebo, depois de passar alguns
dias em Roma, que estamos diante de um problema muito mais grave. Um problema
que - na minha humilde opinião - muitas pessoas não imaginam. Já o digo. E
direi com clareza. O problema não é nem o Papa ou o papado. O problema é a
religião, que o papa e o papado representam.
É
verdade que o papa atual, o Papa Francisco, é neste momento, um dos homens mais
importantes do mundo. Também é verdade que este Papa teve (e tem) muita
ressonância em largos sectores da opinião pública mundial, porque as pessoas
sentem nele uma proximidade, uma humanidade e bondade que não é frequente
encontrar em homens importantes que governam este mundo. Isto é verdade. E
ninguém duvida disso.
No
entanto, isto que é tão claro, é precisamente o que nos confronta com o
problema de fundo. Porque, é evidente, a preocupação do Papa Francisco para com
os que sofrem no mundo. Mas mais evidente como essa preocupação bondosa do papa,
está também patente, a fidelidade religiosa do papa, à instituição que
representa, a Igreja Católica Romana, regida e controlada pela Cúria Vaticana.
O
Papa Francisco quer, sem nenhuma dúvida, estar perto dos que sofrem. Mas quer
ficar perto deles a partir da distância que representa para estes a grandeza, a
solenidade, o enigma da Cidade do Vaticano, a cidade sagrada, da cidade da
religião por excelência. A religião que seduz as pessoas. Mas que, ao mesmo
tempo, é geralmente aceite como um sistema de hierarquias, o que implica
dependência, submissão e subordinação a superiores invisíveis.
O
Papa Francisco sabe estas coisas. E sofre com elas. Porque na sua carne suporta
a própria contradição que leva em si mesma, o cargo que ocupa. A contradição que
implica receber os pobres na Praça de São Pedro, e, em seguida, receber aqueles
que oprimem os pobres no palácio papal. O que, em última análise, significa
potenciar a estabilidade do sistema estabelecido. A estabilidade que encontra a
sua última garantia última na autoridade invisível de poder mais alto. É
evidente que, para muitos cidadãos do mundo, o representante visível desse
poder invisível é o papa.
Pode
um papa, este papa, dar uma volta tão radical e tão forte ao papado, que não só
modifique o governo da Igreja, mas,
acima de tudo, que o mundo inteiro possa ver a coerência e a harmonia entre o
que o Papa diz e o que o papa faz? Reconheçamos que tal não está ao alcance de
um único homem. Especialmente se sabemos que este homem - o jesuíta Jorge M.
Bergoglio - está tendo resistências muito fortes dentro de sua própria casa. Por
isso, eu não aro de perguntar-me: será possível desalojar do Vaticano os rituais
intermináveis e detalhados, que legitimam e justificam tantos cargos, tantas
invejas, tantos postos de poder, ocupados (não raras vezes) por gente medíocre,
e colocar no seu lugar o Evangelho de Jesus, que é como colocar no centro da
Igreja, a bondade de Jesus como sistema de governo?
Eu
sei que tudo isto é uma utopia. Mas não foi também uma utopia o Sermão da
Montanha (Mt 5-7), o julgamento final que anunciou o Evangelho de Mateus (Mt
25), toda a vida de Jesus? É verdade. Essa foi uma incrível utopia. E, no
entanto, é aquela utopia (seja ela como seja) que guia os passos do papa
Francisco, neste momento tão decisivo como dramático, para o futuro da Igreja.
E talvez o do próprio mundo.
9 comentários:
Mas Jesus tb ia aos banquetes dos fariseus...ou andava com os cobradores de impostos,que eram sinal do sistema opressor...mas ia sempre referindo de que lado estava...é o que o Papa Francisco faz !
Sim santa Pomba, mas:
“Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não…” Mt. 5,37
….resvalando ainda mais no interior profundo do Evangelho:
“Ninguém pode servir a dois senhores…” Mt. 6,24
Não o tem nada fácil o pobre do irmão Francisco…
Nele que nos ajuda a caminhar...
Pois...mas não é o Papa Francisco que serve dois senhores e sempre censura quem o faz...com uma linguagem bem clara de sim...sim...não,,,não...por isso já se diz à boca pequena na curia"para que fomos escolher este argentinozito? "
E a saúde ? Como vai??
Sim, Jesus partilhava refeicoes com fariseus e convivia com cobradores de impostos, mas nao se coibia de lhes chamar hipócritas a proposito dos seus comportamentos de falsa piedade. Tinha, porém, uma vantagem em relacao ao Papa: fariseus e afins nao eram do seu séquito, em geral estavam fora do grupo daqueles que o seguiam (apesar de haver uma lenda que diz que Mateus seria cobrador).
O Papa nao escolheu o grupo, foi o "grupo" que o escolheu a ele, num momento de inspiracao que agora lhes está a ser indigesto. E se, na sua sinceridade genuina, tem de conviver com os elementos que o compoem e simultaneamente com os pobres que eles oprimem pela deformacao das consciencias e esmagamento pela ignorancia (lembremo-nos de que o Evangelho esteve muitos seculos inacessivel ao povo simples que nao sabia latim), fá-lo prudentemente, com a subtileza necessaria para limpar o ninho sem esmagar os ovos. Simples como a pomba, prudente como a serpente, tal como diz o conselho...
E neste espirito, como fiéis a Cristo e ao seu Evangelho, resta-nos confiar, olhando os sinais dos tempos, para nao sermos néscios.
Sopram ventos que podem ser de mudanca... oremos ao Espirito para que traga a Paz á sua Igreja e fortaleca Francisco no seu trabalho de pastor.
Lila
pois Lila...efectivamente foi o q eu disse,assim volto a dizer:"mas ia sempre referindo de que lado estava...é o que o Papa Francisco faz !"
Bom dia...
Confio que o ES amparará o caminho e a vida deste Papa... está a fazer um belo trabalho sim... e iso é o que importa... não se desviar da mensagem do Evangelho...
Estive esta manhã a fazer uma carga de análises e exames para levar dia 20 ao médico de família, mas tudo corre normalmente,salvo a questão do Duplo J que lá vai dando trabalhos... dores, alguma perda de sangue e descontrolos por vezes do aparelho urinário... tenho que ser paciente e confiar..tudo passará...
Fico feliz pelas melhoras da Irmã Lila e as suas aguardo que tudo volte ao normal e possa ver e ler melhor no futuro... confiemos...
Nele em quem confiamos..
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