"Esta Igreja que eu amo"
Já
fazia frio, o vento trazia-o com alguma intensidade e, ainda assim, não
foram poucos aqueles que se atreveram a secundarizar o aconchego do
calor das suas casas e famílias para se reunirem e unirem por uma causa
maior, que o coração lhes segredava ser mais nobre, a alma lhes
assegurava ser mais mais divina...
De noite já, aqueles corações e aquelas vidas, mais novos e mais velhos,
ousaram naquele encontro de Comunidade ouvir falar do amor à Igreja, do
amor da Igreja, do amor pela Igreja.
E creio que posso afirmar que foi notável aquele partilhar de desejos,
sonhos, projectos, inquietudes, vontades firmes de renovar, de aprender e
reaprender o amor à Igreja. A Igreja que também tem rosto, tem
história, tem sangue, alma e coração, tem vida, tem eternidade, aqui em
Carcavelos...
Esta Igreja que eu amo, é verdade, tem defeitos, tem mancha, tem "rugas"
de pecado; esta Igreja não raras vezes pouco tem de Evangelho, de rosto
fiel do Seu Senhor, de identificação com o gesto do lava-pés e com o
escândalo e a sabedoria da Cruz! Mas, ainda assim, esta é a Igreja que
eu amo.
Esta Igreja, é verdade, demasiadas vezes não aponta ao mundo o caminho
do Céu nem fala aos homens a linguagem do Coração trespassado de Jesus
de Nazaré! Mas, ainda assim, esta é a Igreja que eu amo.
Esta Igreja tem demasiadas vezes os traços do mundano e do terreno, as
marcas da ligeireza e da mediocridade! Mas, ainda assim, esta é a Igreja
que eu amo.
Poderão perguntar-se porquê então?!
A resposta não é difícil: porque esta é a Igreja de Jesus.
Ela é humana, ela é terrena, ela é mesmo pecadora, para que eu nela tenha lugar.
Ela apresenta-se com mancha e com pecado porque ela é construída por
homens como eu, pecadores que não desistem de ser melhores, que não
desistem de ser santos.
Ela é frágil e pobre, mas é a Igreja de Jesus.
Que a quer e sonha mais ao jeito do Evangelho, é verdade.
Mas esta Igreja, feita de homens e mulheres crentes na Palavra d'Aquele
Homem da Galileia, é a Igreja de Jesus Cristo. É o tempo e é o espaço
que Ele escolhe e habita para Se apresentar ao mundo de cada tempo...
Esta Igreja de homens e mulheres pecadores é a mesma Igreja que tem no
seu seio, simultaneamente, outros homens e mulheres verdadeiramente
fiéis, simples, justos, misericordiosos, puros de coração, lutadores
pela justiça, construtores sábios e eficazes da civilização do amor, ou
seja, santos.
E é esta a Igreja que eu amo.
Esta Igreja que se edifica no testemunho de incontáveis vidas
apaixonadas por Jesus que a História não consegue esconder ou apagar;
esta Igreja que acolhe a herança de tanto sangue derramado por amor a
Cristo e ao Seu Reino e a catapulta, em cada tempo, para a aventura
prodigiosa da imitação do Mestre e a desafia ao sonho viável da
fidelidade ao Mandamento Novo.
Diante do frio que vazia na rua, experienciámos o "calor" da fé, o
"fogo" do Espírito que teima em soprar nos corações que a Ele se abrem
desassombradamente.
Porque esta é a Igreja que amamos e pela qual queremos continuar a viver e a dar a vida.
Porque nela, apesar dela, está e permanece o Senhor do Mundo...
no blog do Pe António
1 comentário:
Lembrou-me este post aquele Francisco,o revolucionário de Deus,que deu nova vida a uma Igreja doente, sem saír dela.
Enviar um comentário