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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Retiro na cidade - 33


A palavra de Deus


«Maria chegou ao local onde Jesus estava; quando ela o viu, ela lançou-se aos seus pés e disse-lhe: «Senhor, se tu estivesse lá, o meu irmão não estaria morto.»

Evangelho de Jesus Cristo segundo São João cap 11, vers 32.

A meditação

Salva pelo amor

Lázaro está morto. As suas irmãs, Marta e Maria, acolhem os familiares próximos, tentando juntos consolar-se apesar da tristeza. No entanto, nessa multidão, falta um amigo, Jesus de Nazaré, esse pregador itinerante nos percursos em que os cegos vêem, os coxos andam direitos, os leprosos estão purificados, os surdos ouvem, por vezes mesmo os mortos ressuscitam. Marta e Maria mandam-no, portanto, chamar. Que sabe ele? Talvez ele encontre um meio de transformar ainda a vida deles como fez depois do seu primeiro encontro.

Maria, aquela que a tradição identifica como Maria Madalena, sabe bem do que ele é capaz mesmo que para ela ele não tenha sido uma questão de cura milagrosa. O que Jesus fez por ela valia bem mais. Maria, antes de conhecer Jesus, ninguém a considerava. Pecadora pública, atormentada por numerosos demónios, ela não era a sombra dela própria e é um último acto de amor que a salvou. No entanto, enquanto ela tinha conhecido tantos homens com quem num pequeno instante tinha partilhado um sucedâneo de amor, ela não tinha qualquer auto-estima. Que poderia ela esperar ainda do amor? Do amor humano provavelmente nada, ela perverteu todas as suas formas. Era de um amor sobre-humano que ela precisava, um amor de reparação interior.

Foi disso que ela foi à procura, uma noite. Jesus jantava em casa de um vizinho. Ela apercebe-o, ela conhece a reputação do convidado. Dizem dele que é um profeta, talvez João Baptista, talvez o Messias anunciado pelas Escrituras. Pouco importa, a bem dizer, Maria de tal maneira já se enganou tantas vezes que ela pode tentar mais uma vez, mesmo que lhe saia um charlatão. Ela pega no seu último frasco de perfume e corre lançar-se aos pés de Jesus. Porque se verdadeiramente aquele é o Filho de Deus, é para ele este perfume de luxo, último testemunho da vida de trevas que ela levava até então. É para ele também que lhe caem as lágrimas, os seus cabelos, todo o seu corpo e a sua alma que ela quer que voltem à vida. Os convivas espantam-se com a passividade de Jesus. Conhecendo a reputação desta mulher de má vida, ele deveria enxota-la rapidamente e pedir ao dono da casa que a metesse na rua. Ele não fez nada disso.

Porque pela primeira vez, a confiança da qual Maria deu provas não vai ser decepcionada. A vida que ela esperava só Jesus lha pode dar. «os teus pecados foram perdoados. A tua fé te salvou. Vai em paz.». Não é nada espectacular, mas era disso que Maria precisava. Ela precisava de saber que a sua vida não parava por causa dos erros do passado, que ela seria capaz de amar e de ser amada novamente. Então, a este Jesus que a faz reviver, ela tudo deu. Ela seguiu-o, e juntou-se ao grupo dos discípulos. Ela foi mesmo mais longe e fê-lo entrar na sua casa em Betânia.

Apresentou-lhe o seu irmão Lázaro e a sua irmã, Marta. E entre esses irmãos e Jesus laços particulares foram tecidos, ultrapassando a relação vulgar mestre-discípulos. São assim os únicos, para além do discípulo amado (São João), cujo evangelho nos diz que Jesus os amava.Então, com o anúncio da morte de Lázaro, não espanta que Jesus, arrepie caminho e vá ao encontro dos seus amigos. Ele vem de novo ao seu encontro e chora com eles. Jesus chora. Mas no meio dessa aflição, ele pede às duas irmãs a mesma atitude que fez reviver Maria, há muito tempo, essa atitude de confiança, de abandono: se crês, tu verás a glória de Deus». E para que o mundo acredite que ele é o mestre da Vida, que ele é o amor perfeito que faz reviver, que ele é o Filho de Deus, Jesus vai até ao pé do túmulo de Lázaro para lhe lançar o apelo: «Lázaro, levanta-te e sai daí!».

Esta Ressurreição foi para a fraternidade de Betânia o último testemunhos da divindade de Cristo. Mas Jesus iria reservar só para Maria, o testemunho da sua victória suprema sobre a morte e o mal através da sua própria ressurreição. No dia seguinte da sua Páscoa, é Maria quem o encontra. E ela, ela reconhece-o no instante em que ele pronuncia o seu nome: «Maria». É nos olhos e no coração de Jesus que Maria é reconhecida como pessoa, como filha de Deus, como filha com valor aos olhos do seu Pai. Então, enviada em missão, Maria corre a anunciar a boa nova aos discípulos de Jesus. O mestre está vivo. A nossa confiança, a nossa esperança, o nosso amor não foram em vão e graça a eles, Deus salvou-nos. Tenhamos a certeza disso, o que Deus fez por e com Maria, ele fá-lo por nós e connosco todos os dias até que volte.

Tradução de: http://www.retraitedanslaville.org/spip.php?sommaire&date=2011-04-10

2 comentários:

vp disse...

belo texto... belo caminho da Esperança anunciada.....

Ana Loura disse...

VP, a Maria ontem questionou a "teoria" de maria irmã de Lázaro ser Maria Madalena, confesso que fiquei confusa, mas o certo é que até parece que tudo encaixa. Hoje ao conversar com Frei fernando Ventura, Capuchinho que foi responsável pela revista Bíblica durante anos ele refuta a teoria do Dominicano. São pessoas diferentes...Por favor dá-nos o teu "palpite", sim? De qq forma o texto anuncia a Esperança sim. Beijos