Vejo-te ainda, Mãe, de olhar parado,
Da pedra e da tristeza, no teu canto,
Comigo ao colo, morto e nu, gelado,
Embrulhado nas dobras do teu manto.
Sobre o golpe sem fundo do meu lado
Ia caindo o rio do teu pranto;
E o meu corpo pasmava, amortalhado,
De um rio amargo que adoçava tanto.
Depois, a noite de uma outra vida
Veio descendo lenta, apetecida
Pela terra-polar de que me fiz;
Mas o teu pranto, pela noite além,
Seiva do mundo, ia caindo, Mãe,
Na sepultura fria da raíz.
Miguel Torga
2 comentários:
A Pieta em Notre Dame...é um retrato de mãe de alguma idade, amargurada, muito mais próximo do real do que a Pieta de Miguel Ângelo, da basílica de S.Pedro representando uma bela adolescente de expressão tranquila,quase indiferente .
São diferentes de facto,mas pessoalmente gosto mais de da Pieta de Miguel Ângelo,não "vendo" indiferença,mas sim aceitação plena da condição do seu Filho....a arte é sempre muito subjectiva,...rsrs (A.R.)
Enviar um comentário