Um antigo escritor cristão cujo nome está perdido para nós escreveu estas palavras em uma homilia para descrever o significado deste dia silencioso de transição:Levantem-se, vamos sair deste lugar, pois vocês estão em mim e eu estou em vocês; juntos formamos uma única pessoa e nós não podemos ser separados.Depois do drama do trauma há o longo rescaldo de normalidade. É como uma poderosa onda do mar que atingiu a terra com grande força e agora está sendo sugada de volta para o oceano. Você até se pergunta se realmente o grande impacto aconteceu de fato, pois tudo parece tão quieto e vazio e mundano.No entanto na medida em que aceitamos a grande quantidade de acontecimentos e a espera de duração indeterminada algo surge. Transparece através do vazio imensurável que é tudo o que restou. Um sentimento crescente de união com o qual nós nunca mais vamos enxergar novamente da mesma maneira. Uma presença mútua e íntima de uns com os outros dentro de uma presença maior que contém tudo. Mesmo na dor residual da perda, um novo tipo de paz também mostra, conscientemente, de que esta nova união é tão definitiva e permanente como a própria perda que está por trás dela.Assim, mesmo quando nada está acontecendo - como aprendemos no vazio da meditação, onde experimentamos a morte e ressurreição diariamente - uma nova vida começa a emergir. Na mente de Cristo vemos que existem duas criações, ao mesmo tempo belas e terríveis. A primeira é marcada pela mortalidade, o horizonte para além do qual não podemos ver nada. A nova criação é conhecida por aqueles que despertarem para o seu ser uma pessoa com a pessoa que volta para nós por esse horizonte.Laurence Freeman OSB
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