*** Sanctus...Sanctus...Sanctus *** E é importante apoiar-se numa comunidade ,mesmo que seja virtual,porque entre aqueles e aquelas que a compõem,encontram-se os que estão nos tempos em que o dia vai ganhando, pouco a pouco, à noite. Irm.Silencio

terça-feira, 23 de agosto de 2011

o Corpo de Cristo

O ANO DE TERESINHA 


Corre o ano do centésimo aniversário da morte de Santa Teresinha do Menino Jesus.E conforme é uso na nossa Igreja,com excepção para a Virgem Maria e São João Baptista,é festejado o dia e ano da morte dos santos e não o do seu nascimento, porque é a morte que marca  a  entrada jubilosa na  Pátria definitiva.

Celebra-se,assim,este ano,na Igreja e nas comunidades carmelitas,em especial,o dia  30 de Setembro   de 1897 em que Teresinha,muito jovem ainda,apenas com 24 anos,passou do mosteiro do Carmelo de Lisieux  para o Pai.

Nascida em Aleçon,França em 2 de Janeiro de 1873,Teresinha foi,desde a primeira idade,sensível ao apelo do Espírito e por isso as lembranças que datam dos seus três ou quatro anos e que conservou nítidas na sua memória,estão profundamente ligadas a Jesus Cristo,a quem decidiu consagrar-se,por inteiro,ainda as outras meninas da sua criação só pensavam em brincar .
Quando entrou no convento das Carmelitas,aos quinze anos,depois de deliberada e resoluta caminhada,enfrentando objecções e entraves,por ser tão jovem,acrescentou ao seu nome de baptismo “do Menino Jesus e da Sagrada Face”.

A 10 de Janeiro de 1889,com dezasseis anos,é admitida como noviça e em 8 de Setembro de 1889 faz a profissão religiosa,consagrando-se a Deus,na pobreza,na castidade e na obediência.

O seu caminho de santificação seguiu a via da infância,talvez baseada no apelo de Jesus “Deixai vir a mim as criancinhas “ e sabendo que verdadeiramente,nunca  o deixamos  de ser,por termos ficado tão frágeis,desde que  os  nosso primeiros pais nos  entregaram ao pecado e  à morte.

Pois não é verdade que o humano,por mais poderoso,mais ilustre,mais sábio,  que seja,fica ,de um momento para o outro, reduzido,à situação mais desprotegida,mais desamparada face à doença ,ao pecado ou ao infortúnio ?.

E que só a confiança total no Pai,o lançar-se nos braços que se abrem amorosamente,pode restituir a paz,amenizar o sofrimento,alcançar a libertação ?.

E foi esse o caminho que Teresinha escolheu...Como faz uma criança,com os seus pais, ela entregou-se com confiança absoluta,aceitando os próprios limites,na certeza da infinita ternura que o Pai tem pelos seus filhos,pois conhece  cada um,pelo seu nome e sabe  como são débeis.
E quem melhor que   Teresinha para nos explicar,através das páginas do seu diário História de uma alma,  ,os vários aspectos de  aproximação à santidade, que fez,pelo Caminho da Infância Espiritual,caminho que vamos acompanhar um pouco,remetendo à sua integral leitura o conhecimento pleno e o proveito,que dela pode advir:

A VOCAÇÃO

“Foi o amor que suscitou a minha vocação.Compreendi que o coração da Igreja é amor.Compreendi que o amor abraçava todas as vocações....Não sei fazer senão uma coisa:Amar-vos,ó Jesus ! As grandes obras estão-me vedadas,não posso pregar o Evangelho,nem derramar o meu sangue.Que importa ?.Os meus irmãos trabalham por mim,enquanto eu,pobre criança,me aproximo do trono de Deus e amo por aqueles que combatem”.
Pag 201
“Ao consagrar-se a Deus o coração não só não perde a sua natural ternura,senão que a avai aumentando,purificando-a cada vez mais e como que divinizando-a”
A ORAÇÃO
Pag 229

Que poderosa não é,pois,a eficácia da oração!Para sermos despachados não é preciso recorrermos a livros e a fórmulas,feitas a preceito para a ocasiãoMas não me mato a procurar belas orações.Daria cabo da cabeça com isso,pois há tantas,tantas,que se me tornaria impossivel...Não podendo reza-las todas e não sabendo quais escolher,faço como as crianças,que não sabem ler;digo com toda a simplicidade a Deus o que Lhe quero dizer.E Ele compeende-me sempre.Para mim,a a oração não é mais que um ímpeto do coração,um simples olhar para o Céu,um grito de reconhecimento e de amor,quer em momentos de sofrimento,quer em dias de alegria..Algumas vezes,sim,quando o meu espirito se encontra árido,ao ponto de de não ser capaz de conceber nem sequer um pensamento,recito pausadamente um Pai-Nosso ou uma Avé-Maria,e com estas orações toda me enlevo,pois me subministram um alimento divino,que me basta.”
                                                Pag 185
“Valho-me sobretudo do Sagrado Evangelho para me entreter proveitosamente no tempo de oração,pois nele encontra sempre a pobrezinha da minha alma tudo quanto é necessário,como novas luzes e sentidos ocultos e misteriosos.Compreendo,por isso,e sei por experiência que o reino está dentro de nós.(Lucas XVII,21).Para instruir as almas não carece Jesus de livros nem de doutores,pois sendo o Doutor dos doutores,ensina sem estrépito de palavras.Nunca ouvi o som da sua voz,mas sei que habita na minha alma,guiando-me e inspirando-me a todo o momento e fazendo-me descortinar no instante em que mais necessito,clarões até ali desconhecidos,ora no recolhimento da oração,ora – e o mais das vezes – durante o dia,no meio das ocupações domésticas “.


AS DIFICULDADES

“Deveria não alegrar-me da aridez que sofro,mas atribuí-la ao meu pouco fervor e fidelidade:deveria entristecer-me por me deixar tantas vezes  vencer do sono durante a oração e a acção de graças;e nada disto me aflige !.Afigure-se-me pelo contrário que as criancinhas tanto agradam a seus pais quando estão dormindo,como acordadas “ .
Pag.196
“Permitiu então que a minha alma,se cobrisse das mais densas trevas,e que o pensamento do Céu,que desde a mais tenra infância fora sempre o meu enlevo,se convertesse em objecto de combate e tormento”


                                           A DISPONIBILIDADE

“O zelo de uma carmelita deve abraçar o mundo.Espero ser útil,”.
Pag 239
Que bondoso é Deus,que me faz tão feliz !Que facil e suave se torna o servi-lo neste mundo! Sim,não me cansarei de o repetir sempre,sempre me concedeu o que lhe pedi;ou melhor,fez que eu apetecesse quanto Ele me queria  dar “




O SERVIÇO
(Pag 205)
“Fiquei sabendo que a caridade não se deve confinar nas profundezas do coração,porque ninguém acende uma luz para a ter escondida debaixo do alqueire,mas para a pôr nun candelabro e iluminar todos os da casa”(Lucas XI-33)”
“Quando o Senhor na lei antiga mandava ao seu povo que amasse o seu próximo como a si mesmo,ainda não baixara à terra,e como sabia quanto nos amamos a nós mesmos,não podia exigir mais.Quando porém Jesus dá aos seus Apóstolos um mandamento novo ,o seu mandamento por excelência,não exige só que amemos o próximo como nos amamos a nós,mas como Ele o ama e há-de amar até à consumação dos séculos”
Pag205
Pag 215
Lembrando-me que a caridade cobre a multidão dos pecados (Prov.X,12),exploro esta mina inesgotavel que o Senhor nos abriu no sagrado Evangelho.Investigo as profundezas das suas admiráveis palavras e exclamo com David “Corri pelo caminho dos teus mandamentos,quando dilataste o meu coração” (Salmo CXVIII,32).E só a caridade me pode dilatar o coração”

A SIMPLICIDADE
                                                      Pag.27
“Compreendi que todas as flores criadas por Deus são belas,que a cor da rosa e o candor do lírio não tiram à pequena violeta o seu perfume e não roubam nada à estupenda simplicidade da erva do prado.Estou convencida de que,se todas as florinhas quisessem transformar-se em rosas,a Natureza perderia o seu fascínio primaveril e  os prados nunca seriam matizados de pequenas flores.
O mesmo acontece com as almas,neste jardim vivo do Senhor.Ele houve por bem criar grandes Santos,que bem podem comparar-se aos lírios e às rosas;mas também criou pequenas flores,que devem contentar-se de ser margaridas ou simples violetas,destinadas também elas a alegrar os olhos do Senhor”
“Mas Ele diz-nos que na sua casa há muitas mansões.Se há,pois,mansão para as almas grandes,mansões para os padres do deserto e para os mártires da penitência,há-de haver também mansão para as criancinhas.Seguro temos portanto o lugar,contanto que O amemos muito a Ele,ao Pai Celeste,ao Espirito do Amor.”


A CONFIANÇA
(Pag 185)

“Que delicioso não é correr pelos caminhos do Amor ! Estamos certamente,sujeitos a caír a cometer infidelidades;mas o amor ,que de tudo sabe tirar proveito,num instante consome tudo quanto pode desgostar Jesus,para só deixar no íntimo do coração uma paz humilde e inalterável.”




A ENTREGA FINAL
Pag 203
“Agora estou doente para nunca mais ficar curada.mas,nem por isso está perturbada a minha serenidade,pois desde há muito já não me pertenço;pertenço únicamente a Deus “.
“Nunca dei a Deus senão amor.Ele me restituirá o amor.Depois da minha morte,farei cair uma chuva de rosas”

A tuberculose vitimava a jovem carmelita,em 30 de Setembro   de 1897  e pouco depois,os sinais extraordinários da sua santidade começaram a ser conhecidos,ocasionando um dos mais breves processos de santificação da História da Igreja.
Teresinha subia aos altares em 17 de Maio de 1925.

Resumi a vida e reflexões de Teresinha, em 1997 ,para um jornal local e ao ler o post do VP lembrei-me de colocar aqui, porque há membros ,que mesmo não presentes,continuam a animar a nossa pertença a esse Corpo e Teresinha é um deles. 

1 comentário:

andarilho disse...

Que maravilha... belo texto e boa sintetização da vida de Teresinha... grato Irmã Maria

Animados em Cristo formamos um só CORPO... unidos e amparados uns aos outros nos bons e menos bons caminhos da vida...

"Ainda que a figueira não floresça, ainda que a videira não dê o seu fruto, mesmo que não haja alimento no campo, eu me alegrarei em Ti..." (Habacuque 3: 17-19)

No Pai caminhamos...