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domingo, 21 de fevereiro de 2010

MISSA PARTE POR PARTE


INTRODUÇÃO

Liturgia não é somente a “Festa do Rei Jesus...”

Um dos nossos maiores pecados hoje em dia é reduzirmos o assunto liturgia à celebração da missa e defini-la apenas como um conjunto de rituais e orações que nos levam ao céu. E tudo isso fruto de uma crescente automação religiosa, que podemos perceber a cada domingo em nossas assembléias litúrgicas. As pessoas vão à missa sem saber o porquê nem o que está acontecendo perante elas. São meros espectadores do preceito dominical ensinado por seus pais. Talvez seja por isso que nós católicos sejamos tão criticados.

Destinados àqueles que querem assumir em plenitude o mistério que Cristo confiou à sua Igreja, e romper com “tradicionalismos”, este manual, de maneira simples e objetiva, abordará de um modo geral a liturgia em si, dedicando, a seguir, uma atenção especial ao rito da missa, que é muito mais que “a festa do Rei Jesus...”

Uma breve palavra sobre história da salvação




O gráfico acima é uma representação do plano de salvação de Deus para a humanidade. Vale aqui recordar que o sentido da palavra “salvar” em Teologia significa “unir com Deus”. O gráfico mostra como Deus, após a queda original, age na história da humanidade, até que esta assuma sua plenitude, conforme os planos originais do Pai (I Jo 3,2).

E como se dá a ação do Pai na história? Ela é essencialmente Cristológica. Cristo é o nosso intercessor ao longo de toda história (Ef 1), por ele somos salvos. De fato, Cristo esteve presente no início da história, pois todas as coisas foram criadas nele (Jo 1,3). Está presente junto ao povo da antiga aliança, através da promessa, manifestada através dos patriarcas e profetas. Encarna-se na plenitude dos tempos, salvando-nos definitivamente através de sua paixão, morte e ressurreição. Ascende aos céus, prometendo permanecer conosco até o fim dos tempos (Mt 28,20). Presença essa mística, manifesta em sua Igreja e em seus sacramentos - a liturgia. No final dos tempos Cristo retornará para levar toda criação à plenitude.

Definição

Após considerarmos estes aspectos, podemos apropriar-nos da definição que a Igreja faz da liturgia:

“Liturgia é uma ação sagrada, através da qual, com ritos, na Igreja e pela Igreja, se exerce e prolonga a obra sacerdotal de Cristo, que tem por objetivos a santificação dos homens e a glorificação de Deus” (SC 7).

Em outras palavras, a liturgia é a continuidade do plano de salvação do Pai, através da presença mística de Cristo nos sacramentos, que são administrados e perpetuados pela Igreja. Note-se, à Igreja cabe a missão de continuar a obra de Cristo, que se dá, sobretudo, através da liturgia. Sem liturgia, não há Igreja e sem Igreja não há liturgia. E sem liturgia não há continuidade no mistério da salvação da humanidade.

A LITURGIA DA MISSA

Sentido, valor e utilidade

Certa ocasião, numa cidade do interior, o bispo da diocese fora visitar as obras de construção de uma Igreja. Ele então, viu vários operários carregando tijolos de um lado para outro e resolveu conversar com alguns deles:

- O que você está fazendo?

E o primeiro responde-lhe:

- Carrego tijolos.

O segundo, feita a mesma pergunta, responde:

- Estou garantindo o leite de meus filhos.

Fazendo a mesma pergunta a um terceiro operário, este responde ao bispo:

- Estou ajudando a construir uma igreja, aonde as pessoas virão agradecer a Deus por tudo que ele faz em suas vidas.

Três pessoas, a mesma ação. E para cada uma delas a ação tinha um sentido diferente. É o mesmo que ocorre com a missa. Para alguns, não há sentido, pois fazem seus atos sem ter consciência deles. Outros têm uma visão muito individualista do que fazem, e por fim há os que enxergam o todo da realidade em que participam, fazendo seus atos terem um sentido total. E nós, em qual grupo nos encaixamos?

Antes de respondermos, analisemos o sentido da missa. A missa é uma celebração. E celebrar, “é tornar presente uma realidade através de um rito”. Na celebração, temos sempre presentes o passado, o presente e o futuro, que em breves momentos unem-se num tempo só, a eternidade. E qual a finalidade de uma celebração? Nenhuma. A celebração possui valor. Aliás, as coisas mais importantes do homem como o lazer, o amor, a arte, a oração não tem uma finalidade produtiva, mas sim valor. E o valor da missa é tornarmos presente a paixão-morte-ressurreição de Cristo através da celebração, e assim participarmos mais ainda do mistério de salvação da humanidade.

Vale a pena ainda lembrar que, ao tornarmos presente o sacrifício de Cristo não quer dizer que estejamos novamente sacrificando o Cristo. Partindo do princípio que a salvação de Cristo não se prende à nossa visão de presente, passado e futuro, mas coloca-se no nível da eternidade, podemos afirmar que Cristo ao morrer na cruz salva todos os homens em todos os tempos, e a cada instante. É como se em cada missa, você estivesse aos pés da cruz contemplando o mistério da redenção da humanidade. E é o que acontece em cada missa, em cada eucaristia celebrada. E aí está o amor de Cristo ao dar-se na Eucaristia, em forma de alimento.

“Receita” de Missa

Para realizarmos uma missa precisamos de alguns ingredientes, assim como uma receita de bolo:

a) A palavra de Deus

b) Altar (a missa é uma ceia, precisamos de uma mesa);

c) Assembléia (no mínimo uma pessoa);

d) Intenção do que se faz, tanto da parte da assembléia quanto do ministro;

e) Ministro ordenado (padre ou bispo);

f) Pão, água e vinho.

Estes são os ingredientes indispensáveis a qualquer celebração eucarística. Sobre cada um deles, explicaremos no decorrer de cada parte da missa.

Uma mudança de palavras

Outrora, a missa não possuía este nome, mas era chamada de ceia do Senhor ou eucaristia. De fato, a missa é uma ceia onde nos encontramos com os irmãos para juntos alimentarmo-nos do próprio Deus, que se dá em alimento por sua Palavra e pelo pão e o vinho. E a missa também é eucaristia. O que vem a ser isso?

Eucaristia significa ação de graças. No capítulo 24 do livro do Gênesis, vemos um exemplo de ação de graças. Após a morte de sua esposa Sara, Abraão pede ao seu servo mais antigo que procure uma esposa para seu filho Isaac. O servo parte em busca desta mulher, mas como iria reconhecê-la? Pede a Deus um sinal e o servo a reconhece quando uma bela jovem dá de beber de seu cântaro ao servo e seus camelos. E qual sua reação após este fato? “O servo inclinou-se diante do Senhor. Bendito seja, exclamou ele, o Deus de Abraão, meu senhor, que não faltou à sua bondade e à sua fidelidade. Ele conduziu-me diretamente à casa dos parentes de meu Senhor” (Gn 24,26-27). Eis aqui uma ação de graças.

Quais os seus elementos? Temos antes de tudo um fato maravilhoso, uma bênção, um benefício, uma graça alcançada, manifestação da bondade de Deus. Depois, a admiração. O servo inclina-se diante do Senhor. Esta admiração manifesta-se pela exclamação e aclamação. Ele não faltou à sua bondade e à sua fidelidade. Proclama, então, o fato, narra o acontecimento, o benefício, a Bênção recebida. Todos estes elementos encontram-se no contexto da missa, como veremos adiante.

E por que então a missa possui este nome? Por enquanto acompanhemos a missa parte por parte e as respostas serão dadas.

RITOS INICIAIS

Instrução Geral ao Missal Romano, n.º 24:

“Os ritos iniciais ou as partes que precedem a liturgia da palavra, isto é, cântico de entrada, saudação, ato penitencial, Senhor, Glória e oração da coleta, têm o caráter de exórdio, introdução e preparação. Estes ritos têm por finalidade fazer com que os fiéis, reunindo-se em assembléia, constituam uma comunhão e se disponham para ouvir atentamente a Palavra de Deus e celebrar dignamente a Eucaristia”.

1. Comentário Inicial

Este tem por fim introduzir os fiéis ao mistério celebrado. Sua posição correta seria após a saudação do padre, pois ao nos encontrarmos com uma pessoa primeiro a saudamos para depois iniciarmos qualquer atividade com ela.

2. Canto de Entrada

“Reunido o povo, enquanto o sacerdote entra com os ministros, começa o canto de entrada. A finalidade desse canto é abrir a celebração, promover a união da assembléia, introduzir no mistério do tempo litúrgico ou da festa, e acompanhar a procissão do sacerdote e dos ministros”(IGMR n.25)

Durante o canto de entrada percebemos alguns elementos que compõem o início da missa:

a) O canto

Durante a missa, todas as músicas fazem parte de cada momento. Através da música participamos da missa cantando. A música não é simplesmente acompanhamento ou trilha musical da celebração: a música é também nossa forma de louvarmos a Deus. Daí a importância da participação de toda assembléia durante os cantos.

b) A procissão

O povo de Deus é um povo peregrino, que caminha rumo ao coração do Pai. Todas as procissões têm esse sentido: caminho a se percorrer e objetivo a que se quer chegar.

c) O beijo no altar

Durante a missa, o pão e o vinho são consagrados no altar, ou seja, é no altar que ocorre o mistério eucarístico. O presidente da celebração ao chegar beija o altar em sinal de carinho e reverência por tão sublime lugar.

Por incrível que possa parecer, o local mais importante de uma igreja é o altar, pois ao contrário do que muita gente pensa, as hóstias guardadas no sacrário nunca poderiam estar ali se não houvesse um altar para consagrá-las.(cont)

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