Foto em http://newsone.com/world/news-one-staff/haitian-pm-says-several-hundred-thousand-people-may-have-died-in-quake/
Excerto do post de Eduardo Jorge Madureira no blog Religionline http://religionline.blogspot.com/
"CRISTÃOS PROCURAR O BEM NO MEIO DO MALSe Deus é o criador do Mundo e cuida das suas criaturas, como é que existe o Mal? Esta é, segundo o padre José Manuel Pereira de Almeida, a questão para a qual os cristãos procuram resposta quando são confrontados com uma catástrofe. E se para o mal moral, aquele que pode resultar das nossas acções ou inacção, pode haver explicações, o mal físico aparece sempre como um mistério. A única resposta é que "o Mundo, como o Homem, também está muito imperfeitamente construído e carece do nosso esforço para melhorar". A lição a tirar de tragédias está, talvez, nas palavras de Santo Agostinho, que disse que Deus nunca permitiria que qualquer Mal existisse nas suas obras se não fosse para fazer sair dele o Bem. O padre Pereira de Almeida recusa qualquer ideia de castigo ou de intencionalidade divina em relação aos que morreram - "a ideia do mal físico como um castigo aparece no Antigo Testamento, mas a partir de Jesus é tudo menos isso". Afasta também aquilo a que chama uma "perspectiva masoquista" de culto do sofrimento. Se é verdade que Jesus morreu em sofrimento - e também ele perguntou "Meu Deus, porque me abandonaste?" - o que nos mostra é que "o sofrimento pode ser vivido como redentor" e que é possível a "vida não perder o sentido no sofrimento"."
8 comentários:
Eu, que não tenho uma fé inabalável, longe disso, nunca consegui questionar Deus nas tragédias. Nem nas minhas, pessoais, - a morte do meu irmão - nem nas da humanidade. Acho que Deus está no nosso sofrimento só porque sofre connosco e nos ampara. Não como culpado, nunca como culpado. Mas lá está, Ele não precisa de advogados de defesa, ainda que o acusemos. Deus é Deus.
A propósito, o meu irmão faria hoje 40 anos, se estivesse vivo. Para mim, terá sempre 24.
Duxita...exacto...
Deus quer-nos felizes. Ainda esta semana na catequese que os meninos não deixaram acontecer, muito rebeldes os meninos deste grupo, era tema "o caminho para a felicidade" através dos mandamentos não para subjugar mas para apontar e serem acolhidos e aceites com o coração, só amando Deus e o próximo nos outros com o respeito pelo Criador e o criado (homem e todas as outras criaturas)encontraremos a felicidade vocação de filhos de Deus.
Beijos e saudade
Acabo de ver a imagem do Crucifixo da Igreja Sacre Coeur du Tugeau, no Haiti, exibida pelo Fantástico, programa da Rede Globo. O templo sagrado desabou e restou aquele Crucifixo, quase intacto, grande, erguido, exposto aos olhares que banham de lágrimas as noites haitianas. As pessoas param em frente a ele, choram e rezam.
Esta imagem provoca o ser pensante. Por que foi assim? Por que aquele Crucifixo resistiu ao equivalente a 30 bombas nucleares como a de Hiroshima? E Cristo ficou ali. Parece ser aquela Sexta-Feira Santa, em Jerusalém, no alto do Calvário.
Pus-me a pensar e contemplar a chocante cena. Abri as Sagradas Escrituras e pus-me a ouvir o Senhor. O Filho do Homem permaneceu naquele lugar, representado pela imagem, para dizer aos sofredores haitianos que eles não estão sozinhos. Jesus Cristo está crucificado com eles e eles com Cristo. “Suas dores são minhas dores; suas lágrimas são minhas lágrimas; seu sangue é o meu sangue. Estou na cruz despido, como vocês que agora se encontram despidos de tantos bens.” Como disse o Profeta Isaías: “a verdade é que ele tomava sobre si nossas enfermidades e sofria, ele mesmo, nossas dores” (Is 53,4).
Os braços do Filho de Deus permaneceram abertos em Porto Príncipe para acolher o clamor de homens e mulheres transpassados pela lança da destruição, da fome, da sede, da perda de esperanças. O lado aberto do Cordeiro de Deus ficou ali, às margens da rua destruída, para dar descanso e consolo aos que ainda gritam por socorro debaixo dos escombros de uma cidade cujo concreto tombou sobre vidas cheias de sonhos. “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos e eu vos darei descanso” (Mt 11,28). O Crucificado resistiu às forças cósmicas para dar refúgio e abrigo aos que vagueiam pelas ruas sem destino.
O Crucifixo do Haiti foi mais forte que o terremoto para manter viva na mente e coração dos que por aquela rua passarem a boa notícia: “prova de amor maior não há, que doar a vida pelo irmão” (Jo 15,13). Ali ficou uma imagem sagrada feita de matéria, porém, ao seu lado, ficaram os corpos de homens e mulheres, que viveram até o fim o Mandamento Novo. Eles foram imagens vivas do Bom Pastor que dá a vida por suas ovelhas. Trata-se da Dra. Zilda Arns e quinze sacerdotes presentes naquela igreja no momento da tragédia. Eles estavam juntos porque queriam amar intensamente as crianças daquela nação que esperavam por vida e vida em abundância.
O Crucifixo do Haiti permanece erguido e o Espírito de Deus fala aos corações das pessoas de bem que salvam aquela sofrida gente. “Pois eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber; eu era estrangeiro e me recebestes em casa; eu estava nu e me vestistes; eu estava doente e cuidastes de mim; ... Todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes!” (Mt 25, 35-36.40).
O Crucificado ressuscitou e enviou do Pai o Espírito Santo renovando todas as coisas. Ele ficou naquela destruída rua para dizer: “Coragem, eu venci o mundo” (Jo 16,33). Em meio ao caos da maior tragédia enfrentada pela ONU, há esperança, a luz dissipa as trevas em cada pessoa resgatada com vida, e em cada criança amparada. E o brilho volta a resplandecer nos olhos que agora choram os mortos. É a força criativa e reconstrutora do Amor estampada no Crucificado do Haiti.
Pe. Francisco Agamenilton Damascena
Dizem-me por aqui, crentes e não crentes, que aquela cruz “é como um insulto ao sofrimento, e ao sonho de muita gente…!”
Não sei não…! Até agora, confesso com alguma perplexidade…! que não consegui ainda respostas que pudesse dar aqui, por isso calei a todos os que me interrogaram, e fui apenas orar no silêncio… A verdade é que essa cruz do Haiti já me fez chorar, quando penso que ela foi “poupada” e não tanto inocente que ali caiu e também os lares que abrigavam famílias mais ou menos felizes e que agora muitos nem sequer têm uma tenda para se abrigar…!
Creio que se Cristo ali estivesse feito homem como nos Evangelhos, no momento daquele drama horrível, teria também voltado a dar a Sua vida como o deu naquela cruz, jamais ficaria de pé, silencioso, pendurado numa cruz, enquanto os filhos caíam…?
Já é tempo de percebermos que Ele já desceu de uma vez por todas da Cruz, esse símbolo máximo do sofrimento…! Jesus agora é o RESSISCITADO… e só pelo caminho da Ressurreição entenderemos a razão do Seu sofrimento, de contrário, aquilo que Saramago escreveu, acabará por ganhar espaço no meio de tanto “opinion maker” que tenta explicar o inexplicável para tanta desesperança e dor…!
Para o Sacerdote que escreve aquilo que a (Aurora nos deixa aqui com o coração aberto de uma filha que sabe também do amor do Senhor no meio do sofrimento), para ele e para muitos que andam para aí a falar em nome de Deus com tantas certezas humanas, a esses, quero pedir-lhes que antes de falarem, silenciem, orem e meditem naquele gesto que recordei nestes dias tantas vezes, quando Jesus se aproxima de Lázaro:
“Quando Maria chegou ao sítio onde estava Jesus, mal o viu caiu-lhe aos pés e disse-lhe: «Senhor, se Tu cá estivesses, o meu irmão não teria morrido.» Ao vê-la a chorar e os judeus que a acompanhavam a chorar também, Jesus suspirou profundamente e comoveu-se. Depois, perguntou: «Onde o pusestes?» Responderam-lhe: «Senhor, vem e verás.» Então Jesus começou a chorar.” João 11,32-35
Oro também, por eles, e por todos aqui… orem por mim, também vou experimentando algum sofrimento nestes dias…!
Quando li o texto que a Aurora colocou só no final vi que não era dela embora estranhasse certas partes. Fui lendo e...tanta palavra que poderia estar no AT. Até me pareceu ler lá que Deus terá poupado aquele bocado de pedra em detrimento de tudo o resto, de todos os seres humanos que pereceram, sofreram e sofrem na carne e os que sofrem no espírito impotentes ou exaustos... Aquela pedra com a imagem de Cristo não caiu, apenas porque não caiu, mas cairam dezenas de capelas e nelas, como na Sé ficarm soterrados sacrários, cruzes, imagens de santos, centenas de pessoas, o Bispo, Párocos, Seminaristas e leigos. Aquela cruz ficou num local com visibilidade, erguida, hirta...nas ruas, em locais com igual visibilidade ficaram corpos, seres vivos impotentes diante dos mortos.
O escrito de Agamenilton parece um sermão medieval de Semana Santa "O Crucificado resistiu às forças cósmicas para dar refúgio e abrigo aos que vagueiam pelas ruas sem destino." Até arrepia...
Victor, gostei do teu testemhunho
grato Ana, fui corrigir no blog e está aberto...
vamos todos caminhando e crescendo no caminho da Fé... Deus nos ajude a entender tanta coisa ainda não muito clara para os nosso corações.. Só Ele sabe...e nos conhece...
Quando li o texto fiz uma interpretação muito diferente da vossa.
Mas como diz o Ir.Victor, "Só Ele sabe...e nos conhece..."
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