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sábado, 31 de outubro de 2009

A soberba de Saramago




A soberba de Saramago é chocante, escandalosa. Nem Álvaro Cunhal – que tinha coluna vertebral - seria capaz de tamanha arrogância, apesar da sua ideologia marxista, materialista.
Saramago sofre, por certo, do desespero de não ter fé, e como não é capaz de experimentar essa felicidade (porque se fecha, racional e voluntariamente ao dom de Deus, que a ninguém é negado), compraz-se em tentar destruir a fé dos outros. É um ateu contumaz, ignorante em matéria religiosa, que julga, orgulhosamente, ter comido no seu “Paraíso” imaginário o fruto proibido da árvore da ciência do bem e do mal. Ele é que sabe!... O “Nobel” subiu-lhe à cabeça. «Quem como Saramago?!...» - gritará o seu “arcanjo” no reino lanzaroteano!
Mas a culpa não é só dele; é também de quem rasteja diante dos seus sapatos, à procura de boleia para a ribalta iluminada da publicidade. Pobre senhor! É digno de pena, de dó, porque é uma pessoa humana que, já no inverno da vida, não consegue encontrar, ainda, a verdadeira razão da sua existência… E isso fá-lo sofrer. Não é feliz, por mais que pense que sim. Todo o homem é criado com uma vocação de eternidade, e quem não vislumbra este horizonte na vida… não se livra de uma dilacerante frustração existencial. O absurdo!
«Deus criou o mundo em seis dias… seis!... Ao sétimo descansou… e nunca mais fez nada!» - é esta a cultura bíblica do ancião Saramago?
Brinca com as palavras; lê a Bíblia apenas na letra, incapaz de penetrar o mistério da sua simbologia, a mensagem divina do seu significado profundo. Quem, lendo “Os Lusíadas” de Camões, poderá acreditar como verdades factuais as maravilhosas descrições do poeta? No entanto, o seu poema descreve a realidade de uma epopeia, de uma gesta heróica dos descobridores portugueses. Essa, a mensagem camoniana!
Desconhece, o “Nobel” português, que a Criação, já redimida, é um processo ainda em curso, numa dinâmica de aperfeiçoamento, de purificação, até que tudo seja assumido definitivamente nas mãos do Redentor e por Ele entregue à glória de Deus Pai – o Alfa e o Ómega, o Princípio e o Fim de tudo quanto existe (…para que Deus seja tudo em todos – 1 Cor 15, 28).
A Bíblia é o retrato da Humanidade na sua relação com o Deus criador, e consigo própria. Retrato de sempre, do passado longínquo e da mais gritante actualidade. O pecado original repercute-se no cenário dos nossos dias… - o homem corta com Deus, porque quer ser “deus”, não resistindo a todas as seduções do mundo que o rodeia: ambição, poder, riqueza… Para conseguir tal, o homem, hoje, diariamente, assassina o seu irmão (é o Caim adormecido em cada um de nós…). Tudo isso acontece, não porque o Criador é um Deus cruel, mas porque Deus criou o homem livre. Livre, a ponto de poder “revoltar-se” contra Deus, como o faz Saramago. É nessa capacidade de “escolha” que se enraíza a maior dignidade do homem: querer ser “deus”, ou querer ser… “em Deus”. Só nesta segunda alternativa o homem atingirá a plenitude de ser Homem.
Mas, se Deus não existe, por que tanto empenho em combatê-lo? Só D. Quixote lutava contra inimigos imaginários… Claro, faz disso um instrumento valioso para aumentar os seus lucros editoriais. E consegue-o. Conseguem-no todos os que enveredam por este artifício publicitário, num mundo cada vez mais ávido de escândalos e de respostas fáceis para as suas angústias dilacerantes. Bem opinava, depois de algum silêncio, o conhecido e conceituado escritor Lobo Antunes, em resposta a uma entrevista na Tv: «Só desejava que quando chegasse à idade de Saramago não perdesse a sensatez…». Disse tudo.
Oxalá, Saramago, à hora do seu passamento deste mundo, reconheça os seus erros – como muitos outros o fizeram no momento derradeiro - e peça perdão ao povo (mesmo à gente da sua aldeia natal) pelo muito mal que está a espalhar por toda a parte com a sua literatura envenenada. Deus é de infinita misericórdia, e não faz acepção de pessoas. Só espera delas, de braços abertos, o arrependimento e a conversão.
Entretanto, seja, este escritor ateu, mais comedido, e guarde mais respeito a si próprio, não aviltando o mérito de algumas das suas obras menos ofensivas. Deixe em paz o Deus dos judeus, dos cristãos e, mesmo, dos ismaelitas.
E respeite, no mínimo, a Igreja católica, pecadora na humanidade dos seus membros, mas santa na sua essência e na sua Cabeça, Jesus Cristo, ontem, hoje, e sempre. Essa Igreja que no meio das sombras e das luzes da História povoou a face da Terra de santos, declarados ou desconhecidos, que dedicaram e continuam a dedicar a sua existência aos mais desprotegidos da vida, e ao bem da Humanidade. Bem podia, o nosso “Nobel”, seguir-lhes o exemplo!

7 comentários:

vp disse...

Será que ainda não percebemos que Deus não precisa absolutamente nada que O defendam!...

Porquê tanto ruído assim...!

Saramago disse e escreveu coisas absurdas sim, eu fui um dos que não me senti nada bem com o que ele disse, mas isso não me dá o direito de julgá-lo e “adivinhar-lhe” já o “inferno” como paga da sua ousadia de repensar o Deus que ainda existe tão na ideia dos homens...

Numa coisa estou de acordo com ele, anda por aí muita gente que ainda não conhece bem a Bíblia, senão não falaria e usaria também um tipo de discurso que também condenam em Saramago... que é “julgar”…. Ele julga Deus e os que o criticam julgam-no a ele... e ninguem sai desta roda infernal de ódios religiosos...

Tenho lido imensos comentários a Saramago e ao seu livro que é isso mesmo, um "LIVRO" e nada mais, e sinto imensa tristeza por tanta palavra tão vazia de misericórdia...

ladoalado disse...

É certo que "anda por aí muita gente que não conhece a Bíblia"... e Saramago também não. Aliás, até o nível de cultura geral parece deficitário...
Peguei no livro, para avaliar a polémica e logo nas três primeiras páginas li tanto "disparate", que me assombrei: conta os anos mencionados nos textos biblicos com o critério do calendário gregoriano; diz que "as hormonas não se compram na farmácia nem no supermercado" (!!!), ignorando os produtos farmacêuticos e, indirectamente, as que trazem na carne todos os bichos de aviário; diz que as gónadas do homem são os testículos e as da mulher o útero (!!! esta é erro de 4º ano de escolaridade)... enfim, tenta ter humor, mas fica-se pelo nível das piadas de café...
Enfim...eu acho que, para quem escreveu o "Memorial do Convento", a presente obra é um testemunho da decrepitude que nos atinge, e que é exibida, se não nos acautelarmos.
Estamos todos a dar importância demasiada ao livro e ao caso.
O Senhor não precisa dele para existir. Que Ele lhe traga a Paz que parece procurar!

ladoalado disse...

Aproveitando a Boleia:

Feliz por saber de si, VP! Pelo menos fico descansada quanto a algumas (poucas) coisas: está suficientemente bem para ter paciência para vir até ao pc e continua idealista, igual a si próprio. O Senhor continue a abrigá-lo sob a Sua asa!

vp disse...

Lila, minha irmã em Cristo, não sou um idealista no sentido de aferrar-me a contextos e ideias que dão forma a planos gerados apenas pelos desejos meramente humanos…! É claro que não estou imune a isso, e por vezes caio nesse esquema que nada tem a não ser uma boa dose dos nossos egoísmos disfarçados de muita coisa a que chamamos ideais…

Mas ACREDITO sim.. acredito que é possível fazer o caminho de um novo “agiornamento” da vida e sobretudo a espiritual, mas também sei que ele jamais se concretizará se não começarmos pelo caminho humano…

Ora, como sou humano, procuro viver como sou, sem disfarces nem preocupado com o que pensam de mim.. acredite Lila, é o melhor que nos pode acontecer, que é abrir a janela de manhã e olhar o nosso rosto cheio de rugas do combate da vida, mas ainda assim um rosto descoberto, simples e natural…

Deixo-lhe um beijo na alma.. sinto imensas saudades vossas e se não venho mais vezes aqui é porque também é preciso perceber os tempos… há tempo para tudo como diz a Palavra….

Estou quase de partida, mas avisarei o momento, agora o silêncio ajuda… e o que importa é sentir o abrigo da "asa do Senhor" que aqui menciona.. sim isso é o melhor que nos pode acontecer na vida...

Víctor Sierra disse...

Não julguei Saramago. Comentei o escritor Saramago, nas suas declarações, na sua manifesta soberba. Quanto ao homem Saramago, meu irmão em Cristo, rezo por ele.
Não julgo ninguém. Nem me entendo mais santo do que Saramago. Só Deus nos conhece.
De resto, se Saramago tem o direito de dizer o que entende, por que não tem o mesmo direito o cristão que tento ser, embora também defeituoso, pecador.
O que se combate não é a pessoa, mas o erro. Ou não temos de ser, unidos ao nosso Mestre, sal da terra e luz que não deve ficar debaixo de um alqueire. Que significado tem a palavra testemunho?
Abraço, para todos, em Cristo!
VS

vp disse...

"na sua manifesta soberba"...!

VS, meu irmão em Cristo, que sentido tem estas suas palavras...!

Não quis nem quero entar por caminhos de "dialécticas", mas o "testemunho" que fala, é perceber que nada somos para falar de "erro"... ou pretender que somos sal da terra se aquilo que somos, somos apenas pela misericórdia de Deus...

Essa é a misericórdia que gera testemunho....

Abraços em Cristo...

Víctor Sierra disse...

Caríssimo VP:
Também não quero entrar em "dialécticas"... (E com este comentário termino).
Eu disse: "unidos ao nosso Mestre". E unidos a Ele, somos "profetas (palavra, testemunho de vida)", "sacerdotes" (adoração, oferenda, oração), e "reis" (serviço, caridade). Só unidos a Ele, a Cristo, poderemos testemunhá-l'O no mundo, com caridade, mas sem tibiezas! O testemunho implica sacrifício, martírio, e é este martírio que nos amedronta e nos faz calar a voz quando é preciso confessar a Fé neste Deus, sim, que é Amor e Misericórdia, mas que nos pede que sejamos testemunhas - em Seu nome ("sereis minhas testemunhas").
Se nada somos para falar de «erro», então o melhor é ficarmos calados diante de todos os erros?!... Ou devemos desmascará-los até ao martírio (testemunho)!?...
Não tenho a «soberba» de me considerar mais que Saramago, diante de Deus, mas tenho o grave dever, como cristão, de testemunhar a minha Fé, sempre de coração aberto, à misericórdia e ao amor - «Se não tiver Caridade, nada sou!...» - adverte S. Paulo.
Só desejo e peço a Deus a conversão de todos os Saramagos, mas de modo algum prestarei vassalagem à soberba (intelectual), quando é manifesta e contumaz, dos que brincam com o nome de Deus e desrespeitam os que n'Ele acreditam.
«De joelhos, diante de Deus; de pé, diante dos homens!» - assim dizia meu bispo D. António Ferreira Gomes.
Um grande abraço, caríssimo irmão!