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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Ir a Roma



In DN

Ir a Roma e ver os sem-abrigo

por MIGUEL MARUJO


É ditado popular que nem todos cumprem: ir a Roma e ver o Papa. Mas é impossível não ver os sem-abrigo, nos quais quase tropeçamos nas arcadas de edifícios do Vaticano e da Cidade Eterna. São muitos, tapados por cobertores, que escondem o rosto e a miséria. De dia, vê-se que esses muitos são também imigrantes que procuraram na Europa a vida que a guerra, a fome e a pobreza lhes roubaram nos seus países de origem.

Estamos no país de Lampedusa, a ilha-cemitério de imigrantes que arriscam a travessia do Mediterrâneo, onde o Papa chegou primeiro do que qualquer responsável europeu. Estamos na cidade onde Francisco resolveu instalar duches nas colunatas vaticanas para que os sem-teto de Roma possam tomar banho. 

Parece pouco, é pouco: uma pequena gota de água que se gasta na dignificação de homens e mulheres que vivem nas ruas. Mas é um gesto que dignifica mais do que muitas políticas desta Europa-fortaleza. Que tem em conta homens e mulheres, que não se perde em números, não atira só esses números para a mesa em qualquer debate político, para justificar as opções de governos que preferem os mercados às pessoas.

É um gesto de um homem que já na sua Buenos Aires natal ia ao encontro dos pobres, dos que estão na margem, dos que se escondem debaixo de cobertores. E que em Roma já repetiu este gesto. É esse também o discurso que Francisco quer recentrar na prática de uma Igreja - que tem na opção preferencial pelos pobres a chave do seu magistério - ao pedir aos cardeais que abandonem os seus paços e se deixem inquietar pelos marginalizados. Entre estes, o Papa recordou os desempregados. Muitos deles, por essa Europa fora, dormem na próxima noite ao relento e ao frio. Sem emprego, caíram nas ruas. Com troikas, desesperam na pobreza. Talvez os governantes europeus devessem vir mais a Roma, mas não para ver o Papa.

2 comentários:

vp disse...

Já temos banho e barba, falta agora arranjar umas camas e cobertores... quem sabe, talvez se arranje naqueles palácios cardinalícios ou numa daquelas casas de "religiosos" algum recanto mais disponível... confiemos, o Irmão Francisco saberá arrumar a casa e o coração daquelas paragens... abençoado seja... oro por Ele... oro pelo coração daqueles que ali ainda carregam um coração duro embora o exterior brilhe nas suas roupas de príncipes da Igreja,.. a envergonhar ainda o Evangelho e a santa pobreza que não significa misérias mas equilíbrio com aquilo que o Pai nos dá a cada dia…... confiemos...

Anónimo disse...

Roma... Madrid...Lisboa... são milhões nesta Europa que se julgou próspera e justa. Ilusão de quem pensa que o dinheiro pode tudo. O dinheiro, sem mente que o pese e coração que o partilhe, não pode tudo, perde tudo. Sem valores mais altos, a Europa afunda-se, porque "onde estiver o vosso dinheiro, estará o vosso coraçâo".
Sabe-o Francisco. Feliz rebanho que tem tal pastor...
Lila