*** Sanctus...Sanctus...Sanctus *** E é importante apoiar-se numa comunidade ,mesmo que seja virtual,porque entre aqueles e aquelas que a compõem,encontram-se os que estão nos tempos em que o dia vai ganhando, pouco a pouco, à noite. Irm.Silencio

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

"...brotar e amadurecer o reino de Deus..." - Papa Francisco


In IHU

 A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada por Vatican Insider, 07-11-2014.

A Conferência Italiana dos Superiores Maiores (CISM), conduzida pelo padre Luigi Gaetani, se reuniu de segunda até hoje em Tivoli para a 54° assembleia nacional com o tema “Missão da Igreja e vida consagrada à luz da alegria do Evangelho”. A acolher “provocações e interrogações” colocadas pelo Papa Francisco, em particular na sua Exortação Apostólica, estavam presentes 103 padres provinciais da Itália, representando os aproximadamente 18.000 religiosos presentes no território nacional.
Se vai desde os Salesianos (aproximadamente 2.300), aos Mínimos (88), os Capuchinhos (2.049) aos Menores (1.953), aos Cistercienses (29) aos envolvidos com a Santa Comunhão (43), aos catequistas rurais (42).

Os Jesuítas são 553, os Guanellianos 183, 221 os Orionitas e assim por diante... até os Venturinos, Verbitas e Vocacionistas, os últimos em ordem alfabética. “Se encontram seguidamente em postos avançados da missão, na fronteira, e assumem um grandes riscos para sua saúde e para sua própria vida”, interveio durante a assembleia o secretario da congregação para os Institutos da Vida religiosa e as Sociedades de Vida Apostólica, o bispo franciscano José Carballo. Durante a Jornada, que se desenvolve por causa do ano para a vida consagrada, desejada pelo Papa Francisco (29 de novembro de 2014 – 02 de fevereiro de 2016), interveio também o secretário geral da CEI, Dom Núncio Galantino. “Não queremos combater batalhas de defesa, mas ficar à disposição das pessoas”, disse o padre Gaetani introduzindo o encontro com Bergoglio.

“Antes de tudo – disse a eles o Papa que, enquanto jesuíta, é ele próprio um religioso – a vida religiosa ajuda principalmente a Igreja a realizar aquela atração que a faz crescer, porque frente ao testemunho de um irmão e de uma irmã que vive verdadeiramente a vida religiosa, a gente se questiona “o que existe aqui?”, “o que mantém essa pessoa além do horizonte mundano?”. Eu diria que esta é a primeira coisa: ajuda a Igreja a crescer por vias de atração, sem se preocupar  de converter as pessoas”. Essa “decisão, de formas diversas, é solicitada a todos os cristãos, mas nós religiosos somos chamados a dar um testemunho de profecia”, e – frisou o Papa – “a verdadeira profecia não é ideológica. A verdadeira profecia não é ideológica, não está em comparação com a instituição: é a instituição. Não é “à moda”, mas é sempre um sinal de contradição segundo o Evangelho, assim como era Jesus”.  O qual “foi um sinal de contradição para as autoridades religiosas do seu tempo: mestres dos fariseus e dos saduceus, doutores da lei. E o foi também por outras opções e propostas, essênios, zelotes, etc.”.

Fazer “brotar e amadurecer” o Reino de Deus, requer aos religiosos, continuou o
 Papa, “conversão , requer acima de tudo oração e – eu recomento – adoração, e requer partilha com o povo santo de Deus que vive nas periferias da história. Descentralizar-se. Cada carisma para viver e ser frutífero é chamado a descentralizar-se porque ao centro está apenas Jesus Cristo. O carisma não é conservado como um garrafa de água destilada, frutifica com coragem, colocando-o em comparação com a realidade presente, com as culturas, com a história, como nos ensina os grandes missionários dos nossos institutos”.

Por fim, “um sinal claro que a vida religiosa é chamada a doação hoje, é a vida fraterna. E, por favor, que não exista entre vocês o terrorismo das palavras vazias, jogue-as fora! Deve existir fraternidade e se existir algo contra o teu irmão, diga na sua frente, cara-a-cara, por vezes ficarão com as mãos em punho, mas é melhor isso do que o terrorismo das palavras vazias”.

Hoje “a cultura dominante é individualista”, uma cultura que “corrói a sociedade a partir da sua célula primária, a família” e a vida consagrada, disse o Papa Francisco, “pode ajudar a Igreja e a sociedade inteira fornecendo testemunhos de fraternidade, que é possível viver juntos como irmãos na diversidade: isso é importante! Porque na comunidade não se pode escolher primeiro, nos encontramos com pessoas de diferentes características, idade, formação, sensibilidade... e ainda se procura viver como irmãos. Nem sempre se consegue, ok, muitas vezes se erra, porque somos todos pecadores, porém se reconhece ter cometido o erro, se pede perdão e se oferece perdão. E isso faz bem a Igreja: faz circular no corpo da Igreja a seiva da fraternidade. E faz bem também a toda a sociedade”. Exatamente ontem, por outro lado, Papa Fracisco recebeu o prefeito e o secretário do dicastério Vaticano responsável pelos religiosos, o cardeal brasileiro João Braz de Aviz e Carballo

3 comentários:

Anónimo disse...

"O carisma nao é para ser conservado como uma garrafa de água destilada", diz Francisco. Deve portanto ser partilhado...será que chega partilhá-lo apenas com a pequena comunidade de clausura? Será que vidas exemplares do seguimento de Jesus, ocultas do povo de Deus,rendem o que poderiam render se contagiassem pelo exemplo aqueles com quem se cruzassem?...

Lila

Maria-Portugal disse...

Creio q mesmo virtualmente a experiência de Deus que possuem poderia animar,fortalecer e encaminhar muitas pessoas.

um irmão. disse...

Tenho pensado muito nestes últimos anos sobre essa questão das “garrafas de água destilada”… e aquilo que vai ficando claro no meu coração, é que se cada carisma “fizesse o seu trabalho de casa” bem feito, se fossem terrivelmente fiéis ao seu compromisso para com Deu, ao carisma e às comunidades onde servem, talvez as dificuldades e os vazios (espirituais) não fossem tão abundantes…(e nem mesmo as vocações seriam tão exíguas magnetizadas pelos testemunhos radicais…) A vida monástica, neste caso, seria e é, (ou pelo menos deveria ser), um suporte (mantimentos) da retaguarda dessas campos de batalha espirituais…

… compreendo a angústia, pela escassez das vocações e dos abandonos dos campos… é claro que nestes momentos tão secos e carregados de abandonos, esse trigo recolhido nos celeiros dos silêncios, mataria muita fome de Deus… ó se mataria, meu Deus…!

…e existe também a outra angústia que oprime o coração do monge e que muitos não conhecem nem imaginam… o de saber-se prisioneiro de dois caminhos: aquele que leva directamente a Deus… ou o outro, esse que leva também a Deus, mas de mãos dadas com os homens no mundo… e é neste outro combate, que muitas vezes acontecem as partidas… mesmo depois de tantos anos numa comunidade monástica… conheço muitos já… e a “sangria” monástica não estanca…! Que o Pai lance a sua misericórdia sobre todos nós… e que não nos falte as forças para fazer essa viagem do regresso aos telhados dos silêncios, também povoados de pássaros feridos pelos seus próprios silêncios nunca escutados...

Nele que nos alenta o coração...