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quinta-feira, 15 de maio de 2014

... da Graça que fragiliza as nossas seguranças...!

.. mais um texto que encontrei de outros tempos e tão actual.... permitam-me partilhá-lo....


Às vezes, lá para o fim da tarde, recolho-me um pouco num banco de uma das igrejas na baixa, quase sempre vazia a essas horas, e ali fico um tempo, esvaziado das coisas e do ruído do mundo! 

Vou ali não porque deseje abraçar uma espécie de alienação nessa paz religiosa que emana desses espaços, criada pelas nossas consciências adulteradas pelos significados dados ao que julgamos e fazemos santo, e que tantas vezes nos provocam essas dolências da alma que nos mantém inertes nos bancos dos templos como que possuídos de um coma existencial! É como se nos quiséssemos anestesiar a nós próprios, de forma a criar ausências da dor interior que queremos deixar lá fora, como se a nossa própria história humana tivesse janelas para fechar ou abrir de forma a isolarmo-nos desse mundo que lá fora nos sacode a existência! 

Uma das últimas experiências que ali vivi tem a ver com a luz…! Interessante aquela pequena luzinha ao fundo, como se fosse um farol tentando guiar o olhar que nos indica o rumo certo até àquele pequeno porto seguro onde vive o “Prisioneiro do Amor”…Mas em contraste com essa luz, ali está também aquela outra luz, ainda que já desmaiando no entardecer do dia, entrando pelas portas do templo, invadindo aqueles espaços como a querer abraçar a outra luzinha do Sacrário… é como se o mundo e o sagrado se abraçassem, penetrando a minha presença humana que se refugia naquele espaço…!

Nesse toque entre essas duas luzes que iluminam o espaço, vou apercebendo-me lentamente e com claridade dos medos que ainda me habitam… e mais, vou descobrindo que é precisamente a Graça, aquela que eu afirmo na minha Fé que me liberta, é essa mesma Graça que também me leva a refugiar-me ali…!

E mesmo que continue a querer negar em mim essa realidade, eu sei e tenho plenamente consciência dessa verdade… sei que ao tocar-me a existência, ela retira de mim tudo aquilo que até ali me fazia e faz sentir em segurança! Quando a Graça me abraça, sinto-me como que num estado de impotência absoluta!

Nestes dias sem ocaso continuo a caminhar para aqueles lugares… à procura de um refúgio… enquanto ali dentro, no silêncio das pedras que o erguem, uma voz vai sussurrando-me ao coração:

“A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.”  
2 Coríntios 12,9

É um processo doloroso… enquanto vou descobrindo aos poucos que ainda me habita um paganismo que até aqui não tomara consciência total em mim… o de viver obcecado por me tornar recto e justo aos olhos de Deus… enquanto Ele vai dizendo-me ao coração que é tempo de libertar-me de todas essas tentativas… de todos esses cultos morais que impedem que o AMOR seja o único ALTAR onde me encontrarei verdadeiramente com o seu FILHO...!

“E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar.” 2 Coríntios 12,7

... e esse espinho na carne é o meu BARRO que tantos cacos vai deixando pelos caminhos da vida onde outros tropeçam e se magoam também...! Misericórdia Senhor...

1 comentário:

Maria-Portugal disse...

sem seguranças...Nele que é o nosso Caminho...