.. mais um texto que encontrei de outros tempos e tão actual.... permitam-me partilhá-lo....
Às
vezes, lá para o fim da tarde, recolho-me um pouco num banco de uma das igrejas
na baixa, quase sempre vazia a essas horas, e ali fico um tempo, esvaziado das
coisas e do ruído do mundo!
Vou ali não porque deseje abraçar uma espécie de alienação nessa paz religiosa que emana desses espaços, criada pelas nossas consciências adulteradas pelos significados dados ao que julgamos e fazemos santo, e que tantas vezes nos provocam essas dolências da alma que nos mantém inertes nos bancos dos templos como que possuídos de um coma existencial! É como se nos quiséssemos anestesiar a nós próprios, de forma a criar ausências da dor interior que queremos deixar lá fora, como se a nossa própria história humana tivesse janelas para fechar ou abrir de forma a isolarmo-nos desse mundo que lá fora nos sacode a existência!
Uma
das últimas experiências que ali vivi tem a ver com a luz…! Interessante aquela
pequena luzinha ao fundo, como se fosse um farol tentando guiar o olhar que
nos indica o rumo certo até àquele pequeno porto seguro onde vive o
“Prisioneiro do Amor”…Mas
em contraste com essa luz, ali está também aquela outra luz, ainda que já
desmaiando no entardecer do dia, entrando pelas portas do templo, invadindo aqueles espaços como a querer
abraçar a outra luzinha do Sacrário… é como se o mundo e o sagrado se
abraçassem, penetrando a minha presença humana que se refugia naquele espaço…!
Nesse
toque entre essas duas luzes que iluminam o espaço, vou apercebendo-me
lentamente e com claridade dos medos que ainda me habitam… e mais, vou descobrindo que é precisamente a Graça, aquela que eu afirmo na minha
Fé que me liberta, é essa mesma Graça que também me leva a refugiar-me ali…!
E
mesmo que continue a querer negar em mim essa realidade, eu sei e tenho
plenamente consciência dessa verdade… sei que ao tocar-me a existência, ela
retira de mim tudo aquilo que até ali me fazia e faz sentir em segurança!
Quando a Graça me abraça, sinto-me como que num estado de impotência absoluta!
Nestes
dias sem ocaso continuo a caminhar para aqueles lugares… à procura de um refúgio…
enquanto ali dentro, no silêncio das pedras que o erguem, uma voz vai
sussurrando-me ao coração:
“A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na
fraqueza.”
2
Coríntios 12,9
É
um processo doloroso… enquanto vou descobrindo aos poucos que ainda me habita
um paganismo que até aqui não tomara consciência total em mim… o de viver obcecado
por me tornar recto e justo aos olhos de Deus… enquanto Ele vai dizendo-me ao coração que é tempo de libertar-me de todas essas tentativas… de
todos esses cultos morais que impedem que o AMOR seja o único ALTAR onde me
encontrarei verdadeiramente com o seu FILHO...!
“E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações,
foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me
esbofetear, a fim de não me exaltar.”
2 Coríntios 12,7
... e esse espinho na carne é o meu BARRO que tantos cacos vai deixando pelos caminhos da vida onde outros tropeçam e se magoam também...! Misericórdia Senhor...
... e esse espinho na carne é o meu BARRO que tantos cacos vai deixando pelos caminhos da vida onde outros tropeçam e se magoam também...! Misericórdia Senhor...
1 comentário:
sem seguranças...Nele que é o nosso Caminho...
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