...saudades da escrita...!

Nunca pensei que a escrita fosse algo que nos abraçasse de tal forma, de tal maneira e força ela consegue invadir o nosso espaço que depois de a experimentarmos, nunca mais somos os mesmos nem agimos como antes de a usar, tantas vezes sem nos darmos conta nesse caminho de descoberta e de arrojo que o pensamento tomou como barca e ali navega agora sem rumo, até que possa alcançar um dia as margens do tacteável-eterno banhado pelas luzes da cegueira que consegue ver apenas através do gesto da escrita…!

E ela, a escrita, tornou-se como uma bebedeira rebelde que cambaleante de desequilíbrios do coração, balanceia perigosamente nas cordas dos sentimentos por sobre os abismos das quimeras perfumadas de sonhos humanos, embriagando a liberdade definitivamente, tornando-a prisioneira de momentos e toques que só aquele que já dançou o “Tango do Aleluia” por entre os romances verdadeiros da vida, sofrendo na pele esses parágrafos escritos tantas vezes com sangue e lágrimas, conhece esse outro odor da dor que se esconde na alma… 

Como tenho sentido tanta sede de escrever… como me sinto tão faminto de leituras humanas… desse abraço que se sente sem acontecer… 

(.. saudades que não se apagam no tempo já caminhado... antiga mas tão actual ...)