Laurence Freeman, OSB
Extraído do livro Jesus - O Mestre Interior (São
Paulo: Martins Fontes, 2004)
...
Recitamos o mantra continuamente, qualquer que seja
nosso estado de espírito: “em tempos de guerra e em tempos de paz”, como afirma
A Nuvem do Não Saber; “em tempos de prosperidade e de adversidade”, como afirma
João Cassiano; “do início ao fim de cada meditação”, como disse, por sua vez,
John Main. Com a prática, o mantra lança suas raízes mais profundamente em nosso
ser, estabelecendo a harmonia entre o inconsciente e o consciente.
Imperceptível, e gradativamente, ele desce da cabeça para o coração. Com o
tempo, repetimos o mantra, o emitimos e, então, o ouvimos, com cada vez menor
esforço e maior atenção.
Naturalmente, haverá dias tumultuosos ou
períodos de aridez na meditação, em que nos parece quase impossível repetirmos o
mantra. Procuramos toda e qualquer justificativa para não nos sentarmos para
meditar. Quando o fazemos, o mantra é logo sobrepujado por ondas de pensamentos
e emoções. Porém, se ainda assim perseverarmos ou recomeçarmos, tal como a
semente da parábola que germina na escuridão uterina da terra (como, não
sabemos, disse Jesus), o mantra fielmente nos dirigirá cada vez mais
profundamente. E, com a profundidade, vem a clareza, a imobilidade, o
autoconhecimento, a grande dádiva da compaixão e a quietude interior que é
necessária para uma atenção cada vez mais completa, uma transcendência mais
generosa. Imperceptivelmente o mantra progride através do espaço da quietude,
entre ondas de pensamentos e da vida interior.[...]
Com o passar do tempo
ele nos traz a pobreza autêntica em que aprendemos simplesmente a ser. A
experiência dessa realidade amorosa, de tempos em tempos, nos prepara para
resistirmos aos muitos reveses e desapontamentos que acontecem ao longo do
caminho. Haverá tempos de derrota. Porém, mesmo quando nos parece que estejamos
regredindo, haverá crescimento em andamento, desde que haja fé. Na noite mais
escura, uma luz invisível ainda brilha.
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Medite
por Trinta Minutos
Lembre-se: Sente-se. Sente-se imóvel e, com a coluna
ereta. Feche levemente os olhos. Sente-se relaxada(o), mas, atenta(o). Em
silêncio, interiormente, comece a repetir uma única palavra. Recomendamos a
palavra-oração "Maranatha". Recite-a em quatro silabas de igual duração. Ouça-a
à medida que a pronuncia, suavemente mas continuamente. Não pense, nem imagine
nada, nem de ordem espiritual, nem de qualquer outra ordem. Pensamentos e
imagens provavelmente afluirão, mas, deixe-os passar. Simplesmente, continue a
voltar sua atenção, com humildade e simplicidade, à fiel repetição de sua
palavra, do início ao fim de sua meditação.
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