*** Sanctus...Sanctus...Sanctus *** E é importante apoiar-se numa comunidade ,mesmo que seja virtual,porque entre aqueles e aquelas que a compõem,encontram-se os que estão nos tempos em que o dia vai ganhando, pouco a pouco, à noite. Irm.Silencio

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Desabafo de um padre sobre a missa

Sou padre há quase 5 anos. Fui seminarista por 7 anos. Já estive em vários lugares Brasil afora, já celebrei em tantos outros e guardo no meu coração uma tristeza profunda. Quando eu era criança na roça e ia com minha família à missa uma vez por mês eu sabia que naquela hóstia tinha Jesus. Eu sentia o cheiro da vela queimando e aprendi a me perseguinar toda vez que passava diante de uma Igreja. Eu achava tudo meio estranho porque não entendia a missa, mas, sentava no primeiro banco e respondia a todas as perguntas que o padre fazia na hora do sermão. Daí eu cresci, fomos pra cidade e eu continuava inocente. Fui pro seminário e as escamas de meus olhos caíram. A missa pela qual eu sempre nutri o maior religioso respeito virou palco virou show virou passeata virou passarela virou camarim de estrela virou sambódromo virou terreiro virou tudo e suportou tudo menos ser de fato, missa. Já vi tanto desleixo… alfaias puídas, vasos sagrados zinabrados, hóstias consagradas carunchadas dentro do sacrário, um sacrário no meio de uma reforma de Igreja com hóstias consagradas dentro, consagração de vinho em tamanha quantidade que as sobras Eucarísticas precisaram de um exército de MESC para consumi-las porque o padre não poderia fazê-lo sem ficar bêbado e outros tantos abusos. Quando veio a Redemptionis Sacramentum e a Ecclesia de Eucharistia veio uma lufada de ar fresco e os rebeldes da Teologia da Libertação, da Rede Celebra e das CEB`s reagiram vorazmente. O site do mosteiro da Paz que hospedava uma carta de Reginaldo Velloso eivada de críticas às necessárias mudanças na liturgia e catalizadora desta mentalidade saiu do ar, mas, encontrei-a no site da Montfort disponível aqui. Capitaneada pelo dualismo marxista de tipo maniqueísta, a reinterpretação que a missa sofreu nas décadas que sucederam o Concílio Vaticano II seguiu as pegadas da subjetividade humana. É odioso ouvir: “ah o jeito do outro padre é diferente”. Isto denota uma personalização que a missa não comporta. A missa nunca foi a missa do padre, mas a missa da Igreja! Esta mentalidade impregnou tanto a liturgia que quando um Padre quer celebrar a missa da Igreja, aquela do Missal Romano, é chamado de retrógrado. O respeito às normas litúrgicas são sinônimo de opressão. A missa pura e simples foi esvaziada para poder ser enchida pela ideologia da enxada, da faixa, do cartaz, da freira, do padre TL… a missa se transformou… virou manifestação e protesto contra o Governo e o Sistema contra a Igreja contra os padres contra a fé católica de sempre contra a liturgia de sempre. Enfiaram bananeiras, berrantes, espeto de churrasco, cuia de chimarrão, pão de queijo, cachaça, coco, faca e facão, pipoca, balões e ervas de cheiro na missa, enfiaram panos coloridos para todos os lados, colocaram mães de santo manuseando o turíbulo e leigos lendo preces seminus. Para essa CORJA a missa já deixou há muito tempo de ser o sacrifício redentor de Cristo PRO MULTIS e se tornou só mais uma mesa para comensais na qual vale o discurso e não a fé, na qual o que importa é o que o homem diz aos seus iguais e não o que Deus diz ao homem. Lembro-me de um professor contando todo garboso que certa feita utilizou-se de uma Adoração ao Santíssimo Sacramento para dar uma aula de teologia ao povo – aos seus moldes é claro – porque para ele aquela hóstia era pobre de significado. Aquela hóstia pobre… tão pobre quanto o cocho de Belém, tão pobre quanto a cama em Nazaré, tão pobre quanto a casa de Pedro em Cafarnaum, tão pobre quanto a casa de Lázaro em Betânia, tão pobre quanto o coração do Filho de Deus, ela só pôde se tornar Corpo e Sangue, Alma e Divindade de Cristo porque Ele se fez pobre! Sua pobreza não comporta reduções tampouco acréscimos desnecessários. Ele é aquele que é e nada mais, mas, só para quem tem fé! Aos meus irmãos padres um apelo: que nós diminuamos e que Ele apareça. Não somos o noivo, apenas amigos do noivo! Rezemos a missa da Igreja, a missa do Missal. Que Ele fale aos corações e às mentes, inclusive às nossas mentes e corações! Ele ele toque as vidas, inclusive as nossas. Que sua voz ecoe nas consciências, também nas nossas. Que toda a nossa Liturgia seja feita Por [causa de] Cristo, Com Cristo e em Cristo a[o] Pai na Unidade do Espírito Santo. Só isso. Se fizermos isso bem feito teremos feito tudo o que nos compete nesta vida.

2 comentários:

um irmão pecador disse...

“E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos. E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister. E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se aviam de salvar.” Actos 2,42-47

Certamente que naquelas casas e lugares de encontro e comunhão não existiriam cálices de ouro nem prateados para incensar as mãos rugosas e feridas frutos das ceifas suadas e das terras lavradas no dia a dia daquele povo de Deus… o mais certo, o que ali abundava eram vasos de barro e bem pobre e rugoso que matavam a sede do Vinho Novo àquelas almas… e a Alegria era a marca daqueles encontros onde todos falavam uma só língua, a do Amor fazendo da Missa uma festa da Ressurreição e não um continuo enterro carregado de tristezas e rostos de luto…. E se comunicavam com tal simplicidade e clareza que permitia que a mensagem simples da Boa Nova chegasse a todos sem ser impedida pelos filtros dos latins humanos…

Pobre Irmão sacerdote que alberga um coração que se alimenta e habita ainda nas formas e nos rituais e esquece o essencial que é a comunhão e a compaixão…


...onde se pode abraçar no Cristo Ressuscitado o outro irmão ou irmã se estamos voltados de costas para ele na maior festa do Cordeiro entre a humanidade… meu Deus...


.. não é por acaso que tantos se convertiam naquels dias e hoje os templos esvaziam-se numa sangria sem parar:

"De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas.." Actos 2,41


Misericórdia Senhor..

um irmão pecador disse...

Certamente que "existe um tempo para tudo".. mas não coloquemos entraves ao fluir do ES que actua onde quer, como quer, onde quer e com quer.. pode ser através de um sacerdote como num dos irmãos-irmãs mais humildes e desconhecidos na comunidade ou fora dela... haja misericórdia que tudo depois acontecerá para o bem daqueles que amam a Deus...

"Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos." Oséias 6,6