*** Sanctus...Sanctus...Sanctus *** E é importante apoiar-se numa comunidade ,mesmo que seja virtual,porque entre aqueles e aquelas que a compõem,encontram-se os que estão nos tempos em que o dia vai ganhando, pouco a pouco, à noite. Irm.Silencio

domingo, 21 de julho de 2013

Nada há mais necessário


A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 10, 48-46 que corresponde ao Domingo 16 do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto


O episódio é algo surpreendente. Os discípulos que acompanham Jesus desapareceram de cena. Lázaro, o irmão de Marta e Maria, está ausente. Na casa da pequena aldeia de Betânia, Jesus encontra-se a sós com duas mulheres que adotam ante a Sua chegada duas atitudes diferentes.

Marta, que sem dúvida é a irmã mais velha, acolhe Jesus como dona da casa, e coloca-se totalmente ao seu serviço. É natural. 

Segundo a mentalidade da época, a dedicação às tarefas do lar era tarefa exclusiva da mulher.Maria, pelo contrário, a irmã mais jovem, senta-se aos pés de Jesus para escutar a sua palavra. 

A sua atitude é surpreendente pois ocupa o lugar próprio de um “discípulo” o que correspondia apenas aos homens.

Num momento determinado, Marta, absorvida pelo trabalho e submersa pelo cansaço, sente-se abandonada pela sua irmã e incompreendida por Jesus: “Senhor, não te importa que a minha irmã me tenha deixado sozinha com o serviço? Diz-lhe que me dê uma mão”. Porque não manda a sua irmã a que se dedique às tarefas próprias de toda a mulher e deixe de ocupar o lugar reservado aos discípulos homens?

A resposta de Jesus é de grande importância. Lucas relata-a pensando provavelmente nas desavenças e pequenos conflitos que se produzem nas primeiras comunidades na hora de fixar as diversas tarefas: “Marta, Marta, andas inquieta e nervosa com tantas coisas; só uma é necessária. Maria escolheu a parte melhor, e 
não lha tirarão”.

Em nenhum momento critica Jesus Marta a sua atitude de serviço, tarefa fundamental ao seguir a Jesus, mas convida-a a não se deixar absorver pelo seu trabalho até ao ponto de perder a paz. E recorda que o escutar a sua Palavra tem de ser o prioritário para todos, também para as mulheres, e não uma espécie de privilégio dos homens.

É urgente hoje entender e organizar a comunidade cristã como um lugar onde se cuida, em primeiro lugar, o acolhimento do Evangelho no meio da sociedade secular e plural dos nossos dias. Nada há mais importante. Nada mais necessário. Temos de aprender a reunir-nos mulheres e homens, crentes e menos crentes, em pequenos grupos para escutar e partilhar juntos, as palavras de Jesus.

Esta escuta do Evangelho em pequenas “células” pode ser hoje a “matriz” a partir da qual se vá regenerando o tecido das nossas paróquias em crise. Se o povo simples conhece em primeira mão o Evangelho de Jesus, disfruta-o e reclama-o à hierarquia, irá arrastar-nos a todos para Jesus.

3 comentários:

vp disse...

Bom dia..

Começamos esses pequenos encontros com grupos na Missão naquele tempo, ao jeito da Igreja de Actos... dois grupos pelo menos já se reuniam nas casas de cada em rotação semanal...(cada grupo tinha uma media de 10 a 12 pessoas como os discípulos, organizamos com este numero)... no inicio houve grande resistência das chefias mas com o andar dos encontros que por sinal começaram a dar frutos a resistência deixou de existir... foi na altura que parti... ninguém mais tomou mão do caminho iniciado...

Mas sim, acho tb que é por aí que temos que começar todos... a Eucaristia será o encontro maior, mas ela já não preenche esta necessidade de encontros menores onde se pode conhecer e manter uma comunhão mais chegada com partilhas pessoais do Evangelho de um modo familiar o que na Igreja na confusão e na pressa do Domingo não permite...

A Igreja precisa voltar a encontrar-se como foi nas suas origens... a Igreja de Actos é um bom exemplo disso... de outra forma, torna-se impessoal e distante em cada irmão(a) que ali se encontra...

Bom Domingo na presença do Pai...

vp disse...

resistências porque já existiam os tais grupos "oficiais" que se reuniam na paróquia... e isso na óptica de alguns era como se estivesse a repetir... com o tempo e os frutos as coisas acabaram por seguir o seu caudal normal da vida espiritual e comunitária... realmente aqueles encontros eram muito bons e ficávamos a conhecer-nos muito melhor uns aos outros... e nem imaginam as partilhas do Evangelho... tesouros escondidos que alguns tinham e que ali viram a luz... cada semana a palavra estava entregue a um... depois partilhava-se entre todos o que ali foi trazido por essa alma... a tal igreja doméstica... sem dúvidas nenhumas...

Eu creio que mesmo que não o procuremos, as circunstancias e o esvaziamento dos templos, acabarão por nos empurrar para essa forma de viver e fazer Igreja...

Maria-Portugal disse...

.Note-se a diferença dos 3 homens (prefiguração da SS Trindade) que foram recebidos pelo homem e de Jesus que foi recebido pelas duas mulheres.
Abraão nem chamou Sara para a refeição,apenas a mandou cozer o pão ,Jesus ensina Maria como discípula e chama a atenção de Marta que os tachos e panelas não podem ocupar a sua inteligência e vontade.

E tão profundamente Marta compreendeu e seguiu o
Mestre que da sua boca se solta uma magnifica confissão de Fé mais vibrante e sentida que a de Pedro,apesar de tão pouco citada:" 27 Respondeu ela: “Sim, Senhor. Eu creio que tu és o Messias, o Filho de Deus, aquele que devia vir ao mundo”.
João 11