S.Paulo - Masaccio |
Na
carta aos Romanos, o já idoso apóstolo Paulo tece algumas considerações
que nos fazem entrever o seu longo processo de discernimento em
matérias de fé. Agora ele já não tem dúvidas. Tinha sido educado no
rigor da lei judaica e, estimulado por tais princípios, tornara-se,
ainda jovem, num perseguidor intrépido dos seguidores do crucificado.
Lutava com afinco no lado errado quando o Senhor do exército perseguido o
interpela directamente.
Já conhecemos a história. Paulo desorienta-se e
caí do cavalo para logo se pôr de pé, pela força de Deus, para dar
início à grande expansão da mensagem de Jesus. Na origem da atitude
zelosa e comprometida do apóstolo dos gentios está a nova visão de Deus:
«Estamos em paz com Deus!».
Ele tinha definitivamente superado a ideia
de um ser superior que exigia contrapartidas, um sem número de rituais e
sacrifícios, meios sempre insuficientes para aplacar a sua iria, para
não se vingar do homem por causa da sua desobediência recorrente.
«Estamos
em paz com Deus» graças à oferta total feita, de uma vez por todas, por
Cristo Jesus, fonte de toda a Paz. Esta passagem traz à memória
histórias de vida de irmãos mais velhos, aqueles que, apesar das
tribulações, transmitem em cada gesto o dom da Paz. Deles podemos dizer
que foram sensíveis à voz de Deus e, por isso, guiado pela fé, pela
persistente prática do Bem, são manifestação de uma vida virtuosa, são
pessoas de esperança.
É impossível não estremecer quando, por exemplo,
se ouve alguém dizer «eu sou feliz» sendo que essa felicidade brota de
uma relação estável com Deus. É impossível ficar indiferente à atitude
descentrada das pessoas simples, aquelas que, apenas por amor aos
outros, são a manifestação mais sublime da existência do Deus-Amor. Elas
são expressão viva do dom da sabedoria de que nos fala a primeira
leitura de hoje. Oxalá nós, os mais jovens, nos disponibilizemos para as
escutar e seguir.
Pe. Nélio Pita, CM
Na Página da Paróquia de S.Tomás de Aquino
1 comentário:
Uma das coisas que mais falta em muito do povo de Deus é discernimento e abertura a escutar… realmente anda-nos a fazer muita falta essas quedas de cavalos para ver se todos paramos um pouco para escutar e discernir… ai Senhor… ajuda-nos…
Grato pela partilha
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