Onde estás?
«Deus chamou Adão: onde estás? Ele respondeu: eu ouvi-te no
jardim, tive medo, pois estava nu e escondi-me»
Livro de Genesis, cap 3, vers 9-10
O vazio da ausência.
O filho de Deus está morto e é sepultado. Este tempo é
intermediário, que une, liga.
O Sábado Santo está entre duas margens, entre a noite e o
dia, entre a sombra e a luz, entre o chão e o céu, entre a aparência do mundo e
a realidade divina, entre a vida aqui em abaixo e a plenitude da glória em
Deus.
Este dia em que Cristo visita os enfermos reitera o
combate à vida contra a morte. Esta luta que Jesus conduziu ao longo de toda a
sua passagem pela terra e que eu faço, também, constantemente. Cada vez que eu
ergo a cabeça, que eu arrisco uma palavra autentica. Cada vez que permeável ao
Espírito eu não sou engolido pela humilhação, submergido pelo mal. Cada vez que
faço triunfar a liberdade, cada vez que faço fracassar a mentira, cada vez que
pago o preço pela verdade…
Onde moras, interroga o homem?
Crer sem ver implica e integra as perguntas e a dúvida. É-me
preciso aceitar saber tão pouco sobre Deus, sobre o que me rodeia, sobre o
outro, mesmo o que me está mais próximo.
Um não saber que não me impede de ter certezas. Deus não
está nas profundezas do céu, afastado, longe. Ele faz-se perto do pobre,
próximo do homem esmagado, íntimo do perdido.
Provavelmente está pertinho de ti.
Onde tás, pergunta-te Deus? De onde és? Decidiste habitar
nos túmulos do mundo, a imagem lisonjeira, o proveito apesar das mentiras e dos
compromissos?
Ou, por outro lado, vais ao lado do servo no dom de tu
mesmo, qualquer que seja o preço?
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