É com "serena coragem" que os cristãos e a Igreja olham para o "mundo contemporâneo". A afirmação é do "Nuntius", isto é, a mensagem final do Sínodo dos Bispos sobre a nova evangelização, convidando, a 50 anos do Concílio Vaticano II, a não se sentir "atemorizados pelas condições dos tempos em que vivemos" e a anunciar a fé cristã aos contemporâneos.
"O
nosso mundo – escrevem os 262 padres sinodais no documento aprovado
nessa sexta-feira por unanimidade – é um mundo repleto de contradições e
de desafios", que "não nos atemorizam". A mensagem chama a atenção
sobre diversos pontos quentes ou críticos da vida da Igreja, incluindo
os divorciados em segunda união não admitidos à Eucaristia, e uma menção
às fraquezas e falhas dos eclesiásticos e dos bispos em particular;
convida a um protagonismo dos leigos na Igreja e a se comprometerem com
uma política pelo bem comum, oferecendo um límpido testemunho.
Entre os desafios do nosso tempo, o "Nuntius" coloca
as "migrações", "a secularização, mas também a crise da hegemonia da
política e do Estado", que "pedem que a Igreja repense a sua presença na
sociedade, sem, contudo, renunciar a ela"; "as muitas e sempre novas
formas de pobreza".
O documento, dirigido ao "povo de Deus", quer expressar a inspiração fundamental que brotou do Sínodo dos Bispos sobre a nova evangelização, que começou no dia 7 de outubro no Vaticano e que o papa concluirá no próximo domingo.
Nesse sábado, serão publicadas as Proposições, e, a seu tempo, o papa irá publicar a Exortação Pós-Sinodal conclusiva.
A questão dos divorciados em segunda união é abordada no texto
recomendando que as comunidades identifiquem percursos de acompanhamento
para as situações familiares difíceis. Isto é, permanece a doutrina
sobre a não admissão aos sacramentos, e se há algum avanço pastoral este
é imperceptível: o quadro é o mesmo desenhado pelo papa no início do
seu pontificado e por ele reiterado também em maio passado, em Milão, no Encontro Mundial das Famílias.
Apresentando a mensagem do Sínodo à imprensa, o arcebispo de Manila, Luis Antonio Tagle (ao qual foi tributado um aplauso quando o porta-voz vaticano, Federico Lombardi, recordou a sua anunciada nomeação a cardeal decidida pelo papa), explicou como da Ásia pode vir uma atitude confiante para a Igreja, mesmo em situações difíceis.
"Acolhi com espanto – disse Dom Tagle – as observações sobre os medos de estar em decrescimento, sobre o dos de praticantes, sobre a real influência: eu venho da Ásia e
me disseram: 'Nós não somos mais a maioria. Para nós é vida normal ser
minoria, e nessa fé expressamos alegria. Ser minoria está na nossa
memória social, e entre nós a Igreja está viva mesmo não sendo a
maioria".
In IHU
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