Nestes últimos anos, cada vez
mais o meu coração se pergunta a si mesmo se nós, cristãos, estamos a fazer
realmente o verdadeiro Caminho que o Senhor nos indicou…!
“Eu sou o caminho, a
verdade e a vida, ninguém vai ao Pai senão por mim.” (João 14,6).
Ao dizer que “Eu sou o caminho…”
Jesus não pede que cada um de nós fique como se fosse um “hamster”
rodando sobre si mesmo nessa roda que pode significar toda uma dimensão de vida
espiritual centrada em nós mesmos, nessa rotina que nos acomoda num determinado
espaço bem ao estilo das três tendas…!
O que eu escuto em Jesus nos
Evangelhos é: “Sigam-Me…” e esse seguir é feito por um “Caminho” que só se
descobre-compreende-experimenta-se se nos metermos totalmente nele, mergulhar-mos
nele, andarmos nele, nas inúmeras quedas que nos atiram muitas vezes para fora
desse caminho que é feito desse “alcatrão” que carrega nele a mistura da nossa
existência e da Fé que vivemos…!
Nesse “Caminho” o vento sopra
onde quer… (João 3,8)… vem e volta como quer nessa liberdade que nos é também
ofertada totalmente e que só os simples como os “pobres de espírito” do Evangelho
sabem acolher, como as folhas das árvores que possuem mais coragem do que qualquer
um de nós quando tocadas pela brisa do vento se deixam cair, entregando-se à
verdade da vida sem reclamar ou resistir, para que nova vida ali possa acontecer…!
Só os LIVRES conhecem e sabem
caminhar por esse CAMINHO….
… e quem de nós gosta da liberdade…
sim… aquela liberdade que nos exige uma consciência que pede ser actualizada
e exercida na totalidade da nossa caminhada de vida e não apenas quando nos
convém ou interesses exteriores nos empurram a veredas que gostam imenso de se
manter anónimas, nessas sombras (máscaras sociais, religiosas ou outras)… e que nos escondem
o verdadeiro rosto do que somos!
Já nos perguntamos alguma vez por
acaso porque é que quando batemos pela primeira à porta da vida chegamos
totalmente desnudados…!
“…Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer do Alto
não pode ver o Reino de Deus.» Perguntou-lhe Nicodemos: «Como
pode um homem nascer, sendo velho? Porventura poderá entrar no ventre de sua
mãe outra vez, e nascer?» *Jesus respondeu-lhe: «Em
verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode
entrar no Reino de Deus. Aquilo que nasce da carne é carne, e
aquilo que nasce do Espírito é espírito. Não te admires por Eu te
ter dito: 'Vós tendes de nascer do Alto.' O vento sopra onde quer
e tu ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim
acontece com todo aquele que nasceu do Espírito.” (João 3,3-8)

2 comentários:
Se mergulharmos Nele,deixamos de ter medo,deixamos de pensar que a nossa fraqueza nos impedirá de O encontrar,saberemos que a nossa liberdade de filhos de Deus não será escolher entre Ele e o mundo,mas sim escolher só Ele,porque é esse o nosso destino de felicidade.
Muitas vezes me pergunto o que é verdadeiramente ser "pobre em espírito"... não estar preso a bens? Partilhar os bens e o tempo, afectos, recursos e cuidados? Parece-me sempre que será muito mais do que isso... Talvez seja - o que é mais dificil, para mim - o despojamento do orgulho, a humildade que permita ouvir sem julgar, a consideração assumida da própria pobreza... Mas, como diria a Maria, é muito difícil largar o "coelhinho branco", sem o que não é possivel ficar com as mãos totalmente livres para as poder estender...
Longo, longo caminho este...
Lila
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