Com efeito segundo a escritura,os apóstolos não tinham visto que era preciso que Jesus ressuscitasse dos mortos.
A Meditação
«Segundo as Escrituras, seria preciso que Jesus ressuscitasse dos mortos.» Esta palavra parece-nos enigmática. Tanto mais que poderíamos meditar nesta manhã de Páscoa, uma palavra bem mais triunfante! No entanto deixemo-nos conduzir. O Senhor deseja tocar a nossa vida em profundidade.
Que se passou? Maria Madalena anuncia a Pedro e ao outro discípulo? A tradição, diz João? Que o túmulo está vazio. Depressa, os dois apóstolos correm para o túmulo. Sim, ele está vazio. Desculpem os detalhes: está vazio, o que partiu teve o cuidado de tudo arrumar, calmamente, tudo está em ordem. Não se trata de forma alguma de um levantamento: se tivesse sido teriam levado o corpo do morto com o sudário, sem o qual não teria sido possível transporta-lo.
João, que entrou antes de Pedro, vê «viu e acreditou», diz o evangelho.Que se passou? Ele vê o túmulo de Jesus assim arranjado, as Escrituras vêm esclarecer: os profetas, os salmos, vêm todos em seu socorro para que pudesse compreender o que via. Ele vê e crê que este Jesus que ele seguiu desde o início é exactamente aquele que Deus enviou, o Messias de quem Pedro havia proclamado a divindade; Jesus é mesmo o Filho de Deus, Jesus é mesmo aquele que salva o seu povo, todos os povos.
As Escrituras mostram a João, que Deus, Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob, o Deus deles, dá sentido à história humana inteira. Toda a história bíblica ilumina João pois ela encontra a sua coerência neste túmulo vazio.
Aqui está um caminho peculiar. Ele junta-se a nós. A vida é para todos nós um longo caminho do qual não entendemos os meandros…Muitos acontecimentos parecem-nos muitas vezes não ter qualquer sentido particular. Outros cuja recordação nos é penosa, carregam a nossa consciência dos arrependimentos, dos remorsos, das revoltas talvez e ter-nos-á sido preciso muitos anos para encontrarmos um pouco de paz. Outras recordações são fonte de alegria: eis quando um dia, à volta de uma leitura, de um reencontro, de uma oração, estes acontecimentos, obscuros e pesados, alegres e luminosos, se aclaram; um aligeiramento acontece. Encontramos o fio condutor da nossa vida. Tudo se torna luminoso. Sabemos porque nascemos! Experiência de ressurreição. A nossa vida tem um sentido, uma coerência, ela não corre ao acaso!
Podemos dizer mais? Sim, é preciso que o façamos. Para Jesus, o que significa dizer aqui que ele ressuscitou? A sua vida, a sua Paixão, a sua morte, tudo isso tem um sentido: Ele amou-nos até ao fim. O seu amor por nós presidiu a tudo. Era «preciso» que ele fizesse todo o caminho: o amor chama a darmo-nos sempre por inteiro àqueles a quem amamos, senão não será um amor duradouro. Mas Jesus, o Filho de Deus dá-se todo inteiro. O mesmo acontece connosco . Quando descobrimos o fio condutor da nossa vida, enfim, entrevemos o porquê de tudo ter acontecido…é sempre um apelo ao amor. O amor ao próximo dá sentido a tudo. Uma explosão de vida surge, a experiência de ressurreição.
Permanece um mistério. “Ele ressuscitou dos mortos.” O que eu disse é ainda muito curto. Ele ressuscitou, o que quer isso dizer? Ele passou na vida, o seu corpo, o nosso corpo humano, é inteiramente está inteiramente incorporado na luz, tudo dele está em Deus, está sentado à direita do Pai.As nossas palavras são pobres, mas são verdadeiras. E, pelo Espírito Santo, nós somos todos corpo de Cristo, entrados definitivamente em Deus,somos salvos. As experiências que vos descrevi são ante gozos, as premissas do nosso encantamento face à salvação de Deus.
Nos Evangelhos, há outros relatos descrevendo a experiência de discípulos ao descobrirem o Senhor ressuscitado. Relato de Maria Madalena reconhecendo Jesus assim que pronunciou o seu nome, experiência de uma mulher reconhecida no seu ser profundo. Relato dos discípulos reconhecendo Jesus nas suas feridas : Jesus mostra assim que sofreu não por causa de nós - teríamos uma religião de censura - mas que sofreu por amor por nós, a nossa religião é a da misericórdia.
A narração da aparição a Tomé, aquele que tanto custou a acreditar e que no entanto confessará a fé por inteiro, bem mais que todos os outros, dirá “meu Senhor e meu Deus” . Estão a ver, há muitos caminhos para entrar na alegria da ressurreição do Senhor. Caminhos de Pedro e de João hoje... Os vossos caminhos, o meu, são sempre aqueles de Deus.
Boa festa de Páscoa ! Cristo ressuscitou ! Aleluia !
2 comentários:
Maria, gostei muito desta partilha e recordei-me de Queiruga. Há Igreja que apenas vê um caminho, o seu deles...Caminho há "apenas" um, Jesus, mas diversas formas de o percorrer. Obrigada pelo resto da tradução. Beijos. A foto está muito bonita, a simplicidade dos jarros faz lembrar "E Salomão em todo o seu esplendor não se vestiu como nenhum deles se veste"
Jarros da casa de retiros de Santo Inácio - Rodizio -,anunciando a na força da Primavera a Ressurreição do Senhor!
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