*** Sanctus...Sanctus...Sanctus *** E é importante apoiar-se numa comunidade ,mesmo que seja virtual,porque entre aqueles e aquelas que a compõem,encontram-se os que estão nos tempos em que o dia vai ganhando, pouco a pouco, à noite. Irm.Silencio

domingo, 4 de março de 2012

Retiro na cidade - Da morte à vida




Foto de Marlene Martins


Da morte  à vida


A Palavra de Deus






« Levantai-vos e não tenhais medo! »






Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus, Cap 17, Vers 7






A meditação






Cara de quaresma! É a reputação de muitos dos cristãos durante o tempo litúrgico que vivemos. Enquanto que! Enquanto que o Evangelho de hoje nos apresenta, sobre a montanha de Tabor, um homem revestido de vestes resplandecentes que atrai à sua volta os seus melhores amigos: há verdadeiramente quaresmas que não o mostram! A maior parte do tempo, compreendemos a quaresma como um esforço de contenção do carnal, a fim de libertarmos o espiritual, segundo uma lógica inversa da incarnação. Mas lembremo-nos de Jesus nas Bodas de Cana! Sem fazermos dele um comilão, não podemos deixar de constatar que Jesus gostava de criar alegria e partilha-la em torno de um banquete, celebrando a união de dois seres que se davam um ao outro.




A cena da Transfiguração, não é uma cena de uma sala de espectáculos onde admiramos um ídolo. Não é nem o Zénite nem mesmo uma catedral! A cena da transfiguração tem no seu centro, no seu coração, a mensagem completa da Revelação cristã, já que Jesus, o Amigo divino, pede aos seus discípulos, àqueles a quem irá em breve chamar seus amigos que se levantem:



«Levantai-vos! Não tenhais medo!» É o que lemos no Evangelho paralelo de Mateus (Cap 17, Vers 7). A transfiguração levanta o véu sobre um mistério que esconde de forma ainda mais profunda o que Pedro, Tiago e João acabam de aprender sobre Jesus: Ele é o Filho bem-amado. Impossível domina-lo, , impossível de entender todo o seu sentido montando três tendas confortáveis, só porque é bom ficar ali! Os discípulos e mesmo nós, depois deles, somos convidados a alegrarmo-nos por podermos beber da fonte e a alegrarmos-mo-nos mais ainda por não esgotarmos essa divina fonte, como ainda por  relançar o nosso desejo de Deus: «a minha alma tem sede…», canta o salmista.



Transfigurar a vida do nosso próximo, é ajudá-lo a levantar-se, quer dizer, fazê-lo conhecer o seu verdadeiro rosto, mudar a sua máscara vermelha de dor, a sua máscara cinzenta devido à depressão, a sua máscara negra de morto- vivo, em «vida-sabedoria» pacificada por uma luz ainda nunca reconhecida: é o dom, é a troca  que temos que fazer, que viver, uns em proveito dos outros.



O que haverá de mais importante? Que haverá de mais salutar que o Evangelho da Transfiguração pois anuncia a salvação em decurso, para que a vida se carregue de vida! Hoje, transfigurar, é erguer o corpo do meu irmão quando esse corpo está apavorado, em luta com  todas as angústias da vida: «levanta-te, meu amigo! Não tenhas medo!»



É unicamente por essa razão que a Igreja de Deus mostra ainda e sempre o corpo de Jesus, esse corpo entregue para saciar gratuitamente todos os esfomeados: é o corpo que somos todos e cada um: olhemo-nos! Este corpo de Cristo é este corpo que nós somos nas nossas assembleias cristãs. Esse Jesus é o nosso verdadeiro rosto. Ele é a nossa verdadeira imagem chamada à transfiguração pois, desde o nosso baptismo, somos todos portadores da veste branca dos eleitos de Deus, que vestiremos ainda no dia do Apocalipse: a veste branca dos que a terão lavado no Sangue do Cordeiro (Livro do Apocalipse, Cap 7, vers 14)



O sacramento da Eucaristia representa em si cada uma das etapas: é memória da libertação da servidão da existência no dia do baptismo, é memória celebrada hoje para levantar o véu sobre o Reino de Deus que virá.



Neste momento, não deixemos passar o tempo dos sinais, aqueles que devemos trocar entre amigos: construamos hoje montes «Tabor»! Convidai os nossos amigos, convidemos aqueles que ficam lá para trás, os que não ousam avançar: nada de delito de aparência! É o tempo em que todos os rostos se revelam a eles mesmos! Nada de delito dos  maus costumes! É o tempo da amizade com a mulher com cinco maridos! Convidai! A Igreja não será nunca demasiado ampla! Convidai! Como Pedro, Tiago e João, vós querereis construir tendas, e como para Pedro, Tiago e João, estas modestas construções, mesmo que se trate de catedrais, não domesticarão o Deus que vos aponta o Reino que vem!






Traduzido de: www.retraitedanslaville.org

3 comentários:

Ana Loura disse...

Não foi fácil, mas acho que consegui não trair e gostei. Ajudar a transfigurar, uma missão Cristã que nem sempre assumimos, é mais fácil virar costas e até rebaixar ainda mais os tais que estão longe e relutam em se aproximar muitas vezes por não se acharem dignos ou por medo de quem está lá à frente não os acharem dignos de beberem da tal Fonte inesgotável.

Maria-Portugal disse...

Ontem um homem, perdido de bêbado, estava na primeira fila da missa das 19 horas...ondeava e falava alto...mas não houve expusões ou atitudes mais duras...dois dos participantes estiveram com ele e falando sempre baixo,com calma e serenidade, o conservaram na assembleia até ao fim da celebração...acho que também contribuiram um pouco para o que consta desta partilha.

vp disse...

Gostei também muito sobretudo aquela do "domesticar Deus"....

... e a tua "fidelidade" ao texto é forte Ana.. grato pelo trabalho que aqui vais ofertando a todos...