... do Sofrimento do justo e do inocente!

Embora esta partilha já esteja no meu espaço mais privado, acho que é bom “partilhar” também neste espaço que é de todos, tornando-o mais comunitário…!

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Há dias, senti necessidade de intervir num comentário no espaço do DN por causa do que escrevera ali um comentador bem ao jeito das críticas de Saramago sobre a Bíblia… para ele aquilo (o episódio das perdas de Job) era parte de uma suposta “aposta” que Deus tinha feito com o “diabo”…!

Por vezes, vou ali e intervenho quando o tema Igreja-Fé e todas as questões a ela ligadas são notícia, não porque declarei “guerra” ao jeito de uma cruzada mas também como proposta e partilha naquilo que sinto puder enriquecer ou pelo menos ajudar a abrir caminhos, o resto deixo com Deus...!

Os meios de anúncio-caminho que a net nos proporciona são enormes, é um desperdício tremendo não os aproveitarmos sobretudo nesses espaços dos media! Outras vezes fico apenas pela leitura e oro por todos os que ali chegam…! Às vezes aquilo torna-se num autêntico campo de batalha mas pronto, não é disso que agora quero falar…

A verdade é que antes e depois desse episódio no DN, tenho andado a pensar muito nestes últimos dias sobre a figura de Job! Sobretudo sobre a questão do SOFRIMENTO DO JUSTO!

E por mais voltas que dê nesse palco da vida onde o sofrimento é uma constante e muito mais paradoxal quando se trata de sofrimento de inocentes ou os tais “justos” a verdade é que acabo sempre por voltar ao CENTRO de tudo onde a única coisa que sobra é as palavras - MISTÉRIO de DEUS!

Depois de tanto caminho, hoje o meu coração e a razão dizem-me cada vez mais a cada dia que passa, em uníssono, que o Mistério de Deus é a fronteira que separa e limita o Abismo… e que este jamais foi ou será conhecido por alguma criatura humana! O único que os conhece, esses limites, é o próprio Deus que os construiu.

Então... lá grita o meu coração enquanto a razão tenta compreender:

… então porque temer esse Abismo se Deus é quem o possui nas suas mãos! E se Deus é Amor, então porque não descansamos ao invés de estarmos sempre a construir-resistir-compartimentar em medidas humanas, mesmo até a própria eternidade…!

O “problema” é que sem nos darmos conta, os nossos pensamentos acerca do Pai normalmente funcionam como se estivessem dentro de um redemoinho onde são sujeitos a forças centrifugadoras tais que aquilo que resta no fim é apenas a secura que reescreve as eternas perguntas de Job…!

Realmente, em Job a Verdade revela-se perfeitamente e claramente embora não a alcancemos quase nunca quando lemos esse livro, e não a alcançamos porque a VERDADE é o próprio Deus… e quem de nós já viu alguma vez a Deus?

Mas parece-me, entre muitas outras questões que o livro levanta, parece-me que a mais forte é a questão do sofrimento humano e as formas como pintamos ou desenhamos nessas teologias da Graça de maneira a arranjar ESCAPES para fugirmos à realidade crua e nua da vida que é a existência do sofrimento como parte concreta e real da vida, seja ela vivida como cristãos ou não…

Hoje e sempre, agimos de tal forma que até parece que Deus precisa de fazer alguns AJUSTES com os filhos para que nada fique no tal livro contabilístico da Graça que muitas teologias humanas escreveram… por outro lado, são também aqueles que sofrem igualmente, esse povo de Deus, que também não “perdoa” as quedas e as misérias dos outros ainda que sejam iguaizinhas às suas, e lá vai repetindo: “cá se fazem cá se pagam”…

Agora a questão é onde fica o “Sofrimento do Justo e do Inocente” no meio disto tudo…!

Se não fosse a Cruz não encontraria respostas… só nela, onde se CONSUMOU tudo eu posso entender e viver pacificado com tal questão… doutra forma seria insuportável o sofrimento presente na Terra…!

Mas, ainda que vá recebendo essa Graça todos os dias… sei e sinto que não estou preparado para fazer com outros esse caminho, e sei-o porque ainda não acolhi totalmente em mim esse abraço do Sofrimento… falta-me ainda essa força e fidelidade de Job.. sim falta-me ainda muito caminho… só em Deus posso ir dando alguns passos…!

Que Ele tenha misericórdia de mim e de todos…!