Joseph Moingt, 96 anos, jesuíta, escreveu o livro “Croire quand même” (algo como “Acreditar apesar de tudo”, já aqui referido) e diz que a Igreja ainda é o melhorzinho lugar para se estar. Por isso, se Hessel diz “Indignai-vos”, Moingt afirma: “Ficai”.
O livro tem merecido amplo debate em França e levou muitas pessoas a agradecerem a este teólogo que foi aluno de Henri de Lubac e de quem o espanhol Olegario González de Cardedal (este recentemente homenageado pelo Papa) diz que é dos poucos cuja obra, na actualidade, oferece uma visão sistemática da teologia (quem são os outros? Em breve neste blogue).
Há dias surgiu um artigo no “La Croix” sobre Moingt. Ler aqui. Copio um bocadinho:
Para Joseph Moingt, não é se concentrando na instituição eclesial que se poderá realizar uma reforma radical do catolicismo, mas sim voltando ao Evangelho. "Há a urgência de repensar toda a fé cristã para dizer 'Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem' na linguagem de hoje e em continuidade com a Tradição", repete, baseando-se na sua imensa cultura teológica e bíblica para confirmar que a Igreja não poderá mais seguir em frente com respostas dogmáticas e que é preciso que, dentro dela, os teólogos "façam coisas novas sem ser serem ameaçados de excomunhão". Quanto a ele, a sua prudência nunca foi motivada pelo medo de uma sanção eclesial, mas sim pelo desejo de escrever de acordo com a sua fé. E, depois, "na minha idade, já não se corre muito risco".AQUI
Mais:ao lado em Reflexões
Passagem
A Igreja Católica se encontra em um momento de passagem. Vai rumo a uma
outra coisa, rumo a uma outra maneira de fazer Igreja, o que por si só
não é trágico. Toda mudança, é verdade, tem um aspecto inquietante, porque produz rupturas, aflições, fraturas.
E essas palavras, que são tomadas do vocabulário corporal, por si só
evocam sofrimentos e perigos. Mas essa evolução será o advento de uma
era nova, que eu ainda não posso imaginar para a Igreja nem para a fé
cristã, mas que não será necessariamente catastrófica.
Não prevejo, de modo algum, uma retomada do poder, do poder perdido pela
Igreja sobre a sociedade, mas sim uma outra maneira de se situar no
mundo e de guardar a sua unidade. Talvez, ela terá menos visibilidade,
no sentido de que a sua visibilidade atual está amplamente ligada à sua
estrutura hierárquica e clerical. Mas a sua hierarquia perdeu muito da
sua credibilidade interna e externa por causa dos seus excessos de poder
sobre os seus fiéis e com relação à sociedade. E o clero, dada a perda
de recrutamento, logo não poderá mais ocupar sozinho todos os postos de
autoridade e de responsabilidade que lhe eram devidos.
A maior visibilidade da Igreja passará, assim, para o campo dos leigos e
leigas, porque haverá cada vez menos clérigos e, portanto, será preciso
confiar aos leigos e leigas um número cada vez maior de postos de
responsabilidade. A Igreja terá menos visibilidade por causa da forte
diminuição do número dos seus fiéis, e uma visibilidade diferente, menos
"vistosa", se assim posso dizer, pelo fato de que a sua dominante leiga
não a diferenciará mais tão fortemente do resto da sociedade; lhe dará
um rosto menos especificamente religioso, menos cultual e ritual. [...]
2 comentários:
Vou estar esta tarde (15h30 hora de França - 14h30 Portugal) em conversa virtual (via skype) com o Irmão… ele contactou para marcar encontro…! Peço orações pelo encontro… depois darei informações sobre os conteúdos e como correram as coisas…. lá para a noite...
Sobre este tema da Igreja, quero ler com calma e depois partilhar também, mas parece-me numa primeira análise corrida sobre o assunto um bom caminho este do Joseph Moingt.. depois contribuirei para o diálogo aqui…
Santo Domingo a todos…
Boa noite..
Acabei de deixar-vos email... sobre o encontro desta tarde com o Irmão...
Com Deus caminhamos...
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