Santo Boaventura dizia:
Ao orar, reúna o seu todo, faça o Amado entrar no quarto de seu coração, e permaneça sozinho com Ele, esquecendo todas as preocupações exteriores; e assim eleve, com todo seu amor e sua mente, suas afeições, seus desejos e devoções.
E não deixe sua mente se dispersar da oração, mas aumente cada vez mais, no fervor de sua piedade, até entrar no lugar do maravilhoso tabernáculo, a casa de Deus.
Lá seu coração se deleitará com a visão do Amado e você experimentará e verá o quão bom é Deus e o quão grande é sua bondade.
Jesus Cristo é a fonte, o centro e o objecto de toda oração, já que tudo está n’Ele, através d’Ele, com Ele, já que por Ele é que toda a criação existe.
Ele é o Filho de Deus Encarnado, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade do Pai, Filho e Espírito Santo.
Ressuscitou em seu corpo. Isso quer dizer: já começou a transformação deste mundo. Resgatou o mundo para a eternidade, nasceu de novo como filho da terra; porém, agora, é o glorioso, o ilimitado, o libertado da terra, que passa a estar redimida, para sempre, da morte e da esterilidade.
Ressuscitou, não para mostrar que abandonou definitivamente a terra, senão para provar que este túmulo dos mortos
o corpo e a terra – foi transformado, definitivamente, na casa gloriosa, imensa, do Deus vivo e da alma do Filho, cheia de Deus.
Ressuscitou porque, na morte, conquistou, para sempre, o centro mais íntimo de todo o terreno e o salvou.
E, ressuscitando, conservou-o. E, dessa maneira, ele permanece aqui. Quando Lhe confessamos como ascendido aos céus [20], é somente uma maneira de dizer que Ele nos retira, por um tempo, a evidência de Sua gloriosa humanidade e, sobretudo, que não há mais abismo algum entre Deus e o mundo.
Cristo já está em meio a todas as coisas miseráveis desta terra, que não podemos abandonar por ser nossa mãe [21].
Ele está na esperança anónima de toda criatura que, sem saber, aguarda a participação na glorificação do seu corpo.
Ele está na História da terra, cuja marcha cega através de todas as vitórias e quedas, dirige-se para o Seu dia com temível precisão: para aquele dia no qual Sua glória, transformando tudo, emergirá desde suas próprias profundezas.
Ele está em todas as lágrimas e em toda a morte, como júbilo oculto e vida que vence, enquanto aparenta morrer.
Ele está no mendigo a quem damos esmola, está como uma misteriosa riqueza que recairá como fortuna [22] ao que socorre.
Ele está nas pequenas derrotas de Seus servos, como vitória que é somente de Deus.
1 comentário:
Gostei particularmente deste texto...ilustra bem a trajectória dos nossos corações nestas estradas de Emaús,cheias de montes e vales!
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