*** Sanctus...Sanctus...Sanctus *** E é importante apoiar-se numa comunidade ,mesmo que seja virtual,porque entre aqueles e aquelas que a compõem,encontram-se os que estão nos tempos em que o dia vai ganhando, pouco a pouco, à noite. Irm.Silencio

terça-feira, 27 de dezembro de 2011







Orígenes (c. 185-253), presbítero e teólogo
Comentário ao Evangelho de São João, I, 21-25





«E o Verbo fez-Se homem e veio habitar connosco. 
E nós contemplámos a Sua glória, [...] cheia de graça e de verdade»
 (Jo 1,14)






Considero serem os quatro Evangelhos os elementos essenciais da fé da Igreja [...] e penso que as suas primícias 
estão [...] no Evangelho de João, o qual, para falar d'Aquele de quem outros fizeram a genealogia, se inicia
 precisamente por Aquele que não a tem. Com efeito, escrevendo para judeus que esperavam o descendente 
de Abraão e de David, Mateus diz: «Genealogia de Jesus Cristo, filho de David, filho de Abraão» (Mt 1,1);
 e Marcos, sabendo muito bem o que escreve, traz: «Princípio do Evangelho» (Mc 1,1).

 O fim do Evangelho, esse encontramo-lo em João: é o Verbo que era no princípio, a Palavra de Deus (cf. 1,1). 
E também Lucas reservou ao discípulo que repousou sobre o peito de Jesus (Jo 13,25) os maiores e mais perfeitos discursos sobre Ele. E nenhum mostrou a Sua divindade de modo tão absoluto como João, que O faz dizer:
 «Eu sou a luz do mundo» (8,12), «Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida» (14,6), «Eu sou a Ressurreição» 
(11,25), «Eu sou a porta» (10,9), «Eu sou o Bom Pastor» (10,11) e, no Apocalipse, «Eu sou o Alfa e o Ómega,
 o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim» (22,13).




Por isso me atrevo a dizer que os Evangelhos são as primícias de toda a Escritura e que, dos Evangelhos, 
as primícias são o de João, do qual ninguém poderia abarcar todo o sentido a não ser que tivesse descansado
 sobre o peito de Jesus e recebido d'Ele Maria por Mãe (Jo 19,27). [...]

 Quando Jesus diz a Sua Mãe: «Eis o teu filho» e não «eis o homem que também é teu filho», é como 
se lhe dissesse «Eis o teu filho, gerado por ti», porquanto quem quer que chegue a viver em perfeição
 não é ele quem vive, mas Cristo que vive nele (Gl 2,20). [...] Será preciso ainda dizer de que inteligência
 teremos necessidade para podermos interpretar dignamente a palavra depositada, como um tesouro
 (2 Cor 4,7), nos vasos de barro do uso comum da linguagem, numa caligrafia que todos podem ler,
 e na palavra que todos podem ouvir se alguém lhe der voz e compreender se todos lhe prestarem atenção?

 Assim, para interpretarmos devidamente o Evangelho de João, em boa verdade basta-nos ser 
capazes de dizer: «quanto a nós, temos o pensamento de Cristo, para podermos conhecer os dons 
da graça de Deus» (1 Cor 2,16.12).


Sem comentários: