*** Sanctus...Sanctus...Sanctus *** E é importante apoiar-se numa comunidade ,mesmo que seja virtual,porque entre aqueles e aquelas que a compõem,encontram-se os que estão nos tempos em que o dia vai ganhando, pouco a pouco, à noite. Irm.Silencio

sábado, 12 de março de 2011

Diálogos...! Interrogações...!

(Diálogos-Interrogações à Partilha no Blog do Ir. Rui ...)

Quando lia a partilha do Irmão Rui, ela situou-me imediatamente naquele momento em que o Mestre questiona os seus Discípulos:

Então, Jesus disse aos Doze: Também vós quereis ir embora? Respondeu-lhe Simão Pedro: «A quem iremos nós, Senhor? Só Tu tens palavras de vida eterna!” (João 6,67-68).

Confesso que ainda há muita coisa por clarificar nesses caminhos da Fé onde tantas vezes surgem questões idênticas às que o nosso Rui aborda na sua partilha! Mas, afinal, do que estamos a falar concretamente? É do abandono da Igreja ou do abandono de Cristo pelas pessoas…?

E se é da Igreja apenas, então porque acontece esse abandono? E o que é Igreja? De que Igreja falamos? Será como aquela de Laudiceia; ou Éfaso; ou Tiatira; ou Pergamo; ou como aquela onde vamos “pelo menos” aos Domingos…? Sim, de que Igreja falamos nós...?

Nas suas cartas, Paulo exprime a Igreja como plenitude de Aquele que tudo enche em toda a existência. E eu pergunto-me: Como pode habitar a plenitude de Deus na Igreja se ela continua a ser triste e deformada aos nossos olhos?

Será que essa Igreja que Paulo descreve não é aquela comunidade ideal que é apenas visível aos Olhos de Deus! E se o é, não é Ele quem conhece os que fazem “parte” da Sua Igreja pois é Ele quem chama e faz Discípulos?

E quem são afinal esses Discípulos e Discípulas ainda hoje? E se somos nós todos esses Discípulos, somo-lo de quem? Da Igreja… de Cristo? E qual é a marca do verdadeiro Discípulo que leva em si a Graça de Deus?

E se é o Amor, como age e vive esse mesmo Amor? E se é a Graça que dá forma às dimensões da verdadeira Igreja, quais sãos as dinâmicas da Graça?

Irmão, falas de uma “Identidade pluralista”…! Será que te referes àquela que permite espaço a gente livre, sem medo, gente que anda e vive e que deixa viver, que somente acredita no Amor a Deus se ele passar primeiro pelos irmãos… gente que confia mesmo conhecendo o barro daquele em quem depositou essa confiança e por isso sabe que no caminho entre ambos acontecerão quedas e cacos sem fim…?

Ou referes-te a outro tipo de pluralidade que dá espaço apenas à liberdade de ritos e formas…esquecendo tantas vezes a verdadeira forma de adorar: "Mas chega a hora - e é já - em que os verdadeiros adoradores hão-de adorar o Pai em espírito e verdade, pois são assim os adoradores que o Pai pretende. Deus é espírito; por isso, os que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade.” (João 4,23-25)

O que hoje procuramos quando entramos nas Igrejas?....  A VERDADE…? O CAMINHO…? A VIDA…? Ou apenas as nossas verdades, os nosso caminhos… as nossas vidas cheias de projectos bem longínquos do PROJECTO que Cristo teve e tem para nós…!

Ai a Cruz… esqueci-me… sim, a Cruz… esse é o verdadeiro problema e a origem das fugas… não são os irmãos mais santos ou menos santos… mais barrentos ou menos barrentos… mas sim a CRUZ da qual todos fugimos verdadeiramente quando ela se nos apresenta como caminho…!

Irmãozinho… vou calar agora… mas gostaria de deixar uma última reflexão que está bem implícita outra vez nas palavras de Paulo: "Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Mas, quando me tornei homem, deixei o que era próprio de criança." (1Cor 13,11)

Sabes, aconteceu e acontecerá sempre que espíritos de meninos na Fé, esses que assim permanecem, sabem apenas criar “razões”. Já os adultos na Fé, (isto não tem nada a ver com idades ou tempos de caminho cristão), esses agirão conforme a consciência, seja em que circunstancias da vida for…

Já agora antes de partir, queria dizer-te que sinto tanta alegria em servir a Deus quando estou "dentro" de uma Igreja, como quando estou rezando e louvando pelas ruas da Vida … porque em qualquer lugar onde se beije e se abrace em nome do Pai, aí existe e acontece IGREJA... essa VIDEIRA verdadeira que é Jesus, da qual todos somos ramos vivos…

.... só secaremos como ramos, se deixarmos de estar ligados e deixarmos de beber dessa Videira… e quem se desliga... quem se solta (vai embora ou caí como ramo seco) sabe e experimenta o significado de muita coisa que aqui abordei...!

Como vem expresso no Evangelho deste 1º Domingo de Quaresma, a verdadeira tentação não é  a FUGA... se formos honestos, ela até nos ajuda muitas vezes a sair de ambientes mais doentes e doentios do que nós próprios já estamos...

A verdadeira tentação  é aquela que nos faz desviar do verdadeiro PROJECTO que o Pai tem para nós... e que me perdoem todos, mas andamos todos, por aí bem ao jeito do Filho Pródigo, a caminhar nas margens do caminho que leva claramente às 3 tentações mais perigosas para a nossa saúde espiritual, as mesmas com que Jesus foi tentado... o TER... o SER e o FAZER...

Quem abraça esses caminhos, jamais  aquietará ou descansará o seu coração na Graça do Pai.. seja onde for, seja como for... não existe "Igreja" que resista a esse esvaziamento da GRAÇA que o próprio cristão já rejeitou até muito antes de acontecer o seu abandono das comunidades onde partilhava e fazia o caminho da Fé... embora o seu corpo andasse por ali pelos bancos da igreja ajoelhado, a louvar e a cantar ao Senhor, o seu coração há muito que já se encontrava ausente...

Que o Senhor tenha misericórdia de nós todos...


vp 

3 comentários:

vp disse...

Muito ficou por dizer..deixei aqui porque no espaço do Rui não dava para colocar em forma de recado pq longo demais... peço perdão...

Espero ser diálogo e caminho.... e entendo bem as tuas questões e a resposta da Irmã Maria no teu blog...

o Caminho faz-se caminhando...

Rui Melgão disse...

Eu escrevo o resultado das minhas reflexões em oração, do meu diálogo com o Espirito Santo... Sinceramente sigo a Cristo, a igreja, a verdadeira igreja é o conjunto de seguidores que querem pertencer e beber de Cristo... mas a igreja que falava aqui é mesmo a igreja instituição...

vp disse...

Sim... sei do que falas... e imagino o que sentes, não vivesse eu também esses caminhos…!

Sabes, quando me assalta tal tristeza pela realidade que focaste e com muita verdade... recordo sempre o verdadeiro pedido de Jesus a Nicodemos e a todos aqueles que o escutaram naquele tempo e ainda o escutam hoje verdadeiramente...

O que Jesus pede é para nascermos de novo… a reunir povo em nome do Pai.. a anunciar…a enviar… essa é a Igreja Hebreia, aquelas que nunca pára e se acomoda no caminho da Fé… aquela que tem como caminho… como bancos… como altares apenas o Evangelho… esse é o chão e o telhado da verdadeira Igreja...

Mas estragamos tudo a partir de Constantino.. e o mal é que ainda não parámos nessa caminhada do deserto que recomeçamos depois de termos sido libertados por Cristo na Cruz… somos os eternos prisioneiros de nós próprios…

“Foi para a liberdade que Cristo nos libertou”. (Gál. 5,1)