"...Desejemos pois, irmãos, porque havemos de ser saciados. Vede Paulo como alarga o
coração, para poder conter o que vem depois: Não que já tenha recebido ou já seja
perfeito; irmãos, não julgo ter conseguido o prêmio.
Que fazes então nesta vida, se ainda não conseguiste? Uma coisa só, esquecido do que
ficou para trás, lanço-me para a frente, para a meta, corro para a palma da vocação
suprema. Diz lançar-se e correr para a meta. Sentia-se incapaz de captar o que os olhos
não viram, os ouvidos não ouviram, nem subiu ao coração do homem.
É esta a nossa vida: exercitamo-nos pelo desejo. O santo desejo nos exercita, na medida
em que cortamos nosso desejo do amor do mundo. Já falamos algumas vezes do vazio
que deve ser cheio. Vais ficar repleto de bem, esvazia-te do mal.
Imagina que Deus te quer encher de mel. Se estás cheio de vinagre, onde pôr o mel? É
preciso jogar fora o conteúdo do jarro e limpá-lo, ainda que com esforço, esfregando-o,
para servir a outro fim.
Digamos mel, digamos ouro, digamos vinho, digamos tudo quanto dissermos e quanto
quisermos dizer, há uma realidade indizível: chama-se Deus. Dizendo Deus, o que
dissemos? Esta única sílaba é toda a nossa expectativa. Tudo o que conseguimos dizer,
fica sempre aquém da realidade. Dilatemo-nos para ele, e ele, quando vier, encher-nos-
á. Seremos semelhantes a ele; porque o veremos como é.
Sto.Agostinho
Responsório Sl 36(37),4-5a
R. Coloca no Senhor tua alegria,
* E ele dará o que pedir teu coração.
V. Deixa aos cuidados do Senhor o teu destino;
confia nele e com certeza ele agirá. * E ele dará."
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