*** Sanctus...Sanctus...Sanctus *** E é importante apoiar-se numa comunidade ,mesmo que seja virtual,porque entre aqueles e aquelas que a compõem,encontram-se os que estão nos tempos em que o dia vai ganhando, pouco a pouco, à noite. Irm.Silencio

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Quem dizeis que eu sou?


Creio que, apesar da boa vontade de alguns, afirmam sua imagem de Cristo a partir de categorias imperiais e dualistas que garantiram por séculos, a superioridade do cristianismo em relação às outras aproximações religiosas. Esquecem, talvez, que a grandeza do cristianismo começou na manjedoura, na acolhida de uma criança, nascida de uma mulher, na noite escura do povo explorado.

Uma criança frágil, vulnerável, desarmada, dependente como todos nós.
Mas nela como em todas as crianças do mundo nasce a esperança de um mundo melhor hoje e amanhã. A criança, Jesus, em seguida se tornou adulta e aos 30 anos, por seu compromisso com os marginalizados de seu lugar, é crucificada e morta pelos poderes políticos e religiosos. Essa morte injusta foi transformada em memória de vida e de amor que fez renascer para muitos a esperança da vida.

Nada de glória imperial, nem fausto, nenhuma riqueza, nenhum controle ideológico! Mas é justamente aqui que situamos a originalidade do cristianismo. Não precisamos ser como o Deus todo poderoso, com imagem masculina, sentado em seu dourado trono celeste. Basta que sejamos seres humanos – mulheres e homens - e saber que Deus é em nós desde o começo.

Por isso, cada um e cada uma de nós somos convidados a partir de nossas entranhas humanas, a nos aproximarmos do outro, a plantarmos nossa tenda perto dele, a tornarmo-nos sempre de novo o próximo, a fazer caminho em conjunto, a repartir o pão e o vinho e a dar graças à VIDA. E isto se chama ser Cristo. Por isso, falar de cristologias plurais não é uma grande novidade. Não é de hoje que elas são plurais.
Nós é que tentamos matar o pluralismo. É importante que não nos esqueçamos disso, pois habituados a viver uma vida em que sempre o plano considerado superior é melhor, temos dificuldade de acolher a diversidade terrena e a riqueza de nossas diferenças. Talvez, como nos ensina a lenda dos reis magos, ousemos nos guiar pela estrela que os conduziu a Jesus menino.

Acolhamos nossa estrela, aquela que nos conduz às crianças, aos adolescentes, à mulher que deu à luz, aos pastores e camponeses sem terra, aos desprezados deste mundo, aos aflitos e lá encontraremos o menino ou a menina que somos, Cristos nascidos para nos ajudarmos mutuamente no mistério infinito da VIDA.

Irm.Ivone GEBARA

3 comentários:

vp disse...

Queria comentar aqui, mas como seria longo, achei melhor fazê-lo em forma de partilha em cima com: os intermináveis rostos de Cristo.

Espero que seja lenha para queimar fogo verdadeiro e não aquela que apenas provoca mais fumaça... risos.

Santo dia para todos...

Maria disse...

Na revista Monde des Réligions Frédéric Lenoir que escreve a editorial dá-lhe como titulo:"A cristandade está morta.Viva o Evangelho!"
E desenvolve o tema referindo q nunca houve própriamente uma civilização cristã.E que a crise profunda das igrejas cristãs poderá ser um prelúdio a um renascimento da fé viva dos Evangelhos.Uma fé que se rá uma força de resistência forte contra as pulsões materialistas e mercantilistas de um mundo cada vez mais desumanizado.

ladoalado disse...

Um dia, ainda pequeno, o meu neto Afonso, a quem eu ia falando de Deus todas as noites, perguntou-me na rua, apontando para uma doente mental sem-abrigo, que pedia a um canto: "Avó, aquela é Deus?".
Tive de confirmar: "É uma pobre mulher, na aparência, mas sim, Deus habita nela..."
E eu fiquei a pensar...