*** Sanctus...Sanctus...Sanctus *** E é importante apoiar-se numa comunidade ,mesmo que seja virtual,porque entre aqueles e aquelas que a compõem,encontram-se os que estão nos tempos em que o dia vai ganhando, pouco a pouco, à noite. Irm.Silencio

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A Fé como Experiência


Itinerário de Seguimento

Deixo-vos um “cheirinho” do livro que estou quase a terminar sobre o Itinerário de Pedro que já havia falado convosco antes. Esta partilha faz parte do Itinerário do Seguimento, e um dos caminhos é precisamente este “A Fé como Experiência”… espero que não esteja confuso! Depois avisarei quando o livro estiver pronto!

Seguindo o itinerário de seguimento de Fé de Pedro, “percebemos-apreendemos” que a sua experiência de Fé com o Senhor foi um processo contínuo, feito de uma relação de confiança e fidelidade sustentado sobretudo pelo Amor que tinha pelo Mestre! E mesmo tendo “falhado” algumas vezes nesse caminho, ele “resistiu”, foi fiel, porque o seu coração viveu num processo de conversão diária.

Em Pedro, nos primeiros discípulos e em cada um de nós, a experiência da Fé está sempre ligada à CONVERSÃO, sem conversão não existe a verdadeira experiência da Fé. Quando muito, ela pode ficar-se pelo “encontro”, pelo encantamento do “novo”, mas facilmente se diluirá pelos caminhos da vida espiritual tão cheios de obstáculos!

Embora seja no Pentecostes que Pedro se vai abrir totalmente à Graça de Deus através da força do Espírito Santo, existem dois momentos fortes da sua conversão: uma, precisamente no mesmo espaço físico (à beira do mar), (Jo 21,1-17), onde Jesus o chama a segui-Lo (Lc 5,1-11), e o segundo, quando Pedro depois de ter negado a Cristo, ocasião em que choraria amargamente (Lc.22:62).

Nestes encontros, Pedro faz a experiência real da Fé, e fá-lo, não num lugar “apropriado”, algo aberto ao “espiritual”, mas no concreto da dureza da vida, junto ao mar, o lugar onde trabalhava, nos seus “ambientes”, o espaço onde a Fé se movia e actuava. Não é de todo “inocente” a escolha de Jesus para ali se encontrar com as multidões e os Discípulos! Em Pedro, aprendemos que a Fé como experiência não acontece em “redomas” ou espaços “arejados espiritualmente”, mas no mundo, no concreto da vida!

Pedro vive uma experiência concreta que só a Fé pode proporcionar ao abrir esse espaço interior do homem à descoberta do verdadeiro Amor. Naquelas três perguntas sobre se O amava, (Jo 21 15-18), Jesus ia abrindo novos horizontes da Fé a Pedro, reescrevendo no seu coração o verdadeiro Amor: que quem ama o Pastor ama as suas ovelhas e por isso cuida delas. Pedro sente-o pessoalmente, ali, nessa força da Graça do Pai, que em Jesus apenas lhe pergunta sobre o seu Amor e não as suas traições diárias.

(§1429 Comprova-o a conversão de Pedro após a tríplice negação do seu mestre. O olhar de infinita misericórdia de Jesus provoca lágrimas de arrependimento e, depois da ressurreição do Senhor, a afirmação, três vezes reiterada, do seu amor por ele. A segunda conversão também possui uma dimensão comunitária. Isto aparece no apelo do Senhor a toda uma Igreja: "Converte-te!" (Ap 2,5.16). Catecismo

Como resposta a essa Graça de Deus, Pedro coloca-se como instrumento nas Suas mãos, até à derradeira experiência da Cruz em Roma! E este colocar-se introduz Pedro num itinerário de seguimento que o leva a viver a Fé como Experiência concreta e real!

São várias as experiências da Fé que encontramos no itinerário de Fé de Pedro e dos seus companheiros, mas agora focalizemos apenas duas: O Pentecostes e a Ressurreição de Jesus que claramente marcam uma viragem na caminhada da Fé destes:

Uma, o Pentecostes, (Act 2,1-13), não será a única experiência do Espírito Santo para Pedro, (Act 4,31;10-44), mas é, podemos assim dizer, a força impulsionadora que fará da Fé destes homens uma experiência contínua da Graça.

Quem conheceu Pedro antes do Pentecostes, certamente que não reconhecerá nele este outro Pedro agora renovado pela Graça do Espírito Santo:

(Actos 2,1-41;3,1-26;4,1-31;5,1-42;8,14-25;9,31-43;19,9-48;11,1-18;15,7-12).

A outra, tremendamente marcante na vida de Pedro e dos outros Discípulos, que é a experiência da Ressurreição do Senhor, (Jo 20,1-10), torna-se sem sombras de dúvidas, o “ponto de partida” para uma vida em busca da Santidade, onde, novamente pela experiência da Fé, o Espírito de Deus vai actuando no interior e no exterior (acções) destes homens!

Como Pedro, cada pessoa faz uma experiência de fé diferente do outro, uns correm, outros caminham, o importante é fazer essa experiência. Foi a experiência do encontro com o Ressuscitado que transformou radicalmente a vida daqueles discípulos

15 comentários:

vp disse...

Tive que corrigir e acrescentar algo mais ao texto, peço perdão pelo lapso.. só agora ao copiar para o livro me dei conta das falhas... agora aprece-me mais fiel...!

Santa tarde...

ladoalado disse...

Muito claro, Victor. Apenas retiraria o duplo ênfase em certas palavras que têm aspas e bold, optando por um destaque apenas, mas isso é mais uma questão estética ou do que as palavras podem significar (algo de aproximado ou metafórico, para as aspas; algo a reter como importante, para o bold). A citação do catecismo pressuponho que traga em nota de rodapé ou no fim do livro, a referência bibliográfica completa, tal como a edição bíblica onde se apoiou.
isto pode parecer-lhe "chinesice", mas tem a ver com uma vida de muitos anos a ver trabalhos e até as minhas próprias publicações, que, sei por experiência, muito dificilmente podem ser revistas pelo próprio porque quem escreve até lê o que lá não está... Por isso, perdôe-me se, como sapateiro, vou além da tamanca.
Quanto ao conteúdo e à forma de desenvolvimento do pensamento, parece-me muito acessível, bem escrito e interessante. Vou gostar muito de ler a obra já completa. Força!
Um grande abraço em Cristo,
Lila

vp disse...

Lila, grato pela grande ajuda, logo que tenha oportunidade de tempo, farei as correcções e os acertos bibliográficos que sugere...sim

Como disse alguns textos são de outros autores, por isso a importancia da bibliografia no fim da página... grato mesmo...

Ainda farei no final uma correcção geral e alterações se necessárias também...

Santa tarde...

MARIA disse...

Só algumas perguntas no sentido da clareza para quem lê:
1-Pedro não tinha Fé antes de encontrar Jesus?
2-Parece, pela leitura, q o Pentecostes ocorreu antes da Ressurreição.

Santo dia do Senhor.

vp disse...

Irmã Maria, quanto à questão cronológica, sim, vamos a ver se “concerto” sem estragar a partilha colocando em ordem os acontecimentos que refere…


Quanto à outra questão sobre a Fé de Pedro:

Sabe, a Fé é a experiência de um encontro com uma Pessoa e esta experiência é sobretudo pessoal. Deus encontra-se como uma pessoa, rosto a rosto no mais íntimo do coração de uma experiência. Basta estar atento aos imensos testemunhos de conversão que descrevem como o coração experimentou a presença de Deus…

“Partindo” desta Experiência do Encontro, certamente que antes já existia uma “Fé” em Pedro, mas “talvez” (quem sou eu aqui para falar do pobre Pedro!),... talvez ainda cheia de “rombos” nas redes de toda a sua interioridade que ia vendo a “luz do dia espiritual”, naqueles dias e tardes de sol e frio à beira do seu meio natural, o lago de Teberíades… enquanto a Palavra escutada mesmo que indirectamente trazida até aos seus ouvidos pelo vento marítimo daquelas bandas do lugar onde Jesus falava à multidão, ia cavando profundo no seu coração…logo duas coisas certamente aconteceram ali á luz da Palavra:

Uma, a ESCUTA abriu nele caminho para que a Fé ali começasse a “tomar forma”: “Portanto, a fé surge da pregação, e a pregação surge pela palavra de Cristo.” (Rm 10,17).

A outra, a PALAVRA nunca volta ao seu lugar sem “cavar fundo” no coração por onde andou a "passear": “Assim como a chuva e a neve descem do céu, e não voltam mais para lá, senão depois de empapar a terra, de a fecundar e fazer germinar, para que dê semente ao semeador e pão para comer, o mesmo sucede à palavra que sai da minha boca: não voltará para mim vazia, sem ter realizado a minha vontade
e sem cumprir a sua missão.” (Isaías 55,10-11).


Bom espero não ter complicado mais, acho que vou aproveitara deixa e “acrescentar” ao esta perspectiva a partir da interrogação que colocou….!

Resumindo: vou ter que “re-trabalhar” o texto todinho..! Só esta questão que levanta sobre a Fé de Pedro, dava para outro texto…!

vp disse...

ahhh já agora seguindo o conselho da nossa Lila... risos... as fontes bíblicas são da Bíblia dos Capuchinos, da Difusora Bíblica... embora confesso (sem maldade) que até não "aprecio" muito esta nova tradução deles...! desculpem...

Maria disse...

Os judeus não tinham encontro pessoal com Deus?Jesus falou no Deus de Abraão,Jacob,Isaac.
Moisés não encontrou o Deus pessoal na sarça ardente.?.Diz-se em Hebreus1,1-12"Muitas vezes e de muitos modos falou Deus aos nossos pais....".Penso q tal facto pressupõe que exista Fé.

Desculpará,mas eu gostaria mais de dizer que a Pedro, já fora concedido o dom da Fé,mas que a sua plena maturidade só na conversão ao Senhor Jesus foi alcançada.

Quanto ao mais parece-me uma boa "apresentação" do escolhido com todas as suas fragilidades para de modo especial apascentar as ovelhas.

Maria disse...

ah esta tradução dos Capuchinhos tb não me agrada muito...prefiro a Biblia de Jerusalém.

Ana Loura disse...

Uma inquietação, Maria, como dizer..." a Pedro, já fora concedido o dom da Fé". Não é esse dom concedido a todos sem excepção? Os ateus e agnósticos (os que se afirmam) são-no porque não lhes foi concedido o dom da Fé? Ou porque apenas lhes falta o encontro porque não aconteceu ainda ou porque eles não o aceitaram? éntão os a quem não foi concedido o dom, não serão responsáveis por não terem Fé.

Abraço fraterno

Maria disse...

Deus não cessa de atraír o homem para Si e só em Deus é q ue o homem encontra a verdade e a felicidade que procura sem descanso...diz o CIC ...É esta atracção q chamo dom da Fé....mas penso que está latente é preciso fazê-la expandir com um encontro pessoal com Deus.

ladoalado disse...

Pedro seria um homem de fé, como a maioria dos judeus. Teria fé no Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob, tão poderoso e tão distante... O que lhe sucedeu de espantoso foi encontrá-l'O ali a seu lado e acreditar que era mesmo Ele... o grito de rendição à revelação "Meu Senhor e meu Deus!",de Tomé,trespassou o coração de todos os que com Ele conviveram, um após outro, e esse terá sido o grande ENCONTRO que possibilitou um relacionamento totalmente novo, próximo, amoroso, de entrega...

Maria disse...

"apimentar" um pouco ...e não tendo ao pé...?...muitas das testemunhas da Fé,maior que a vida,não O viram...

vp disse...

Bom dia... risos..

Já foi muito bom colocar aqui as pessoas a falar... ainda que cada um(a) tenha opiniões divergentes.. nada mal...

Ana, o diaconado é sobretudo SERVIÇO ... ora, não têm as mulhres ao longo do caminho cristão desde os tempos do Evangelho e até agora servido ao Senhor...?!!!

... as formas não interessam, os conteúdos que se geram no coração de quem deseja servir o Mestre é que contam...

beijus menina... saudades...

Boa e santa semana a todos...

Maria-Portugal disse...

Pois...mas o Mestre disse q a melhor parte não era repassar túnicas e toalhas....não esquecer...necessário sim,mas não exclusivo..

E a diaconisa Febe dos primeiros tempos da Igreja o demonstrou...

Maria-Portugal disse...

ah! A diaconisa Febe está em Rom 16,1

Abraços fraternos para todos/as...