Seguindo o itinerário de seguimento de Fé de Pedro, vamos “descobrindo” que a sua experiência de Fé com o Senhor foi um processo contínuo, feito de uma relação de confiança, fidelidade e também momentos de menos fidelidade, sustentados sobretudo pelo Amor que tinha pelo Mestre! Tendo “falhado” algumas vezes nesse caminho, ele “resistiu”, porque o seu coração viveu num processo de conversão diária.
Em Pedro, nos primeiros discípulos e em cada um de nós, a experiência da Fé está sempre ligada à CONVERSÃO, sem conversão não existe a verdadeira experiência da Fé. Quando muito, ela pode ficar-se pelo “encontro”, pelo encantamento do “novo”, mas facilmente se diluirá pelos caminhos da vida espiritual tão cheios de obstáculos!
Embora seja no Pentecostes que Pedro se vai abrir totalmente à Graça de Deus através da força do Espírito Santo, existem dois momentos fortes da sua conversão: uma, precisamente no mesmo espaço físico (à beira do mar), (Jo 21,1-17), onde Jesus o chama a segui-Lo (Lc 5,1-11), e o segundo, depois de ter negado a Cristo, ocasião em que choraria amargamente (Lc.22:62).
Nestes encontros, Pedro faz a experiência real da Fé, e fá-lo, não num lugar “apropriado”, algo aberto ao “espiritual”, mas no concreto da dureza da vida, junto ao mar, o lugar onde trabalhava, nos seus “ambientes”, o espaço onde a Fé se movia e actuava. Não é de todo “inocente” a escolha de Jesus para ali se encontrar com as multidões e os Discípulos! Em Pedro, aprendemos que a Fé como experiência não acontece em “redomas” ou espaços “arejados espiritualmente”, mas no mundo, no concreto da vida!
A Fé é a experiência de um encontro com uma Pessoa e esta experiência é sobretudo pessoal. Deus encontra-se como uma pessoa, rosto a rosto no mais íntimo do coração de uma experiência. Basta estar atento aos imensos testemunhos de conversão que descrevem como o coração experimentou essa presença de Deus…
“Partindo” desta dinâmica da Experiência do Encontro, certamente que já existia uma “Fé” em Pedro, como tantos judeus tinham, mas esta, “talvez” ainda cheia de “rombos” nas redes de toda a sua interioridade que ia começando lentamente a ver a “luz do dia espiritual”, naqueles dias e tardes de sol e frio à beira do seu meio natural, o lago de Tiberíades… enquanto a Palavra escutada mesmo que indirectamente transportada até aos seus ouvidos pelo vento marítimo daquelas bandas do lugar onde Jesus falava à multidão, ia cavando profundo no seu coração…! Logo, duas coisas certamente aconteceram ali à luz da Palavra:
Uma, a ESCUTA, abriu nele caminho para que a Fé começasse ali a “tomar forma” a “amadurecer”: “Portanto, a fé surge da pregação, e a pregação surge pela palavra de Cristo.” (Rm 10,17).
A outra, a PALAVRA nunca volta ao seu lugar sem “cavar fundo” no coração por onde andou a “passear”: “Assim como a chuva e a neve descem do céu, e não voltam mais para lá, senão depois de empapar a terra, de a fecundar e fazer germinar, para que dê semente ao semeador e pão para comer, o mesmo sucede à palavra que sai da minha boca: não voltará para mim vazia, sem ter realizado a minha vontade e sem cumprir a sua missão.” (Isaías 55,10-11).
Pedro vive uma experiência concreta que só a Fé pode proporcionar ao abrir esse espaço interior do homem à descoberta do verdadeiro Amor. Naquelas três perguntas sobre se O amava, (Jo 21 15-18), Jesus ia abrindo “novos” horizontes da Fé a Pedro, reescrevendo no seu coração o verdadeiro Amor: que quem ama o Pastor ama as suas ovelhas e por isso cuida delas. Pedro sente-o pessoalmente, ali, nessa força da Graça do Pai, que em Jesus apenas lhe pergunta sobre o seu Amor e não as suas traições diárias.
(1429). Testemunho disto mesmo, é a conversão de Pedro, depois de três vezes ter negado o seu mestre. O olhar infinitamente misericordioso de Jesus provoca-lhe lágrimas de arrependimento (15) e, depois da ressurreição do Senhor, a tríplice afirmação do seu amor para com Ele (16). A segunda conversão tem, também, uma dimensão comunitária. Isto aparece no apelo dirigido pelo Senhor a uma Igreja inteira: «Arrepende-te!» (Ap 2, 5-16). (1)
Como resposta a essa Graça de Deus, Pedro coloca-se como instrumento nas Suas mãos, até à derradeira experiência da Cruz em Roma! E este colocar-se introduz Pedro num itinerário de seguimento que o leva a viver a Fé como Experiência concreta e real!
Serão várias as experiências da Fé que encontramos no itinerário de Fé de Pedro e dos seus companheiros, mas agora focalizemos apenas duas: a Ressurreição de Jesus e o Pentecostes, que claramente marcam uma viragem na caminhada da Fé destes:
Uma, tremendamente marcante na vida de Pedro e dos outros Discípulos, é a experiência da Ressurreição do Senhor, (Jo 20,1-10), que vai tornar-se sem sombras de dúvidas, o “ponto de partida” para uma vida em busca da Santidade, onde, novamente pela experiência da Fé, o Espírito de Deus vai actuando no interior e no exterior (acções) destes homens!
Quem conheceu Pedro antes do Pentecostes, certamente que não reconhecerá nele este “novo” Pedro agora renovado pela Graça do Espírito Santo:
(Act 2,1-41;3,1-26;4,1-31;5,1-42;8,14-25;9,31-43;19,9-48;11,1-18;15,7-12).
A outra, o Pentecostes, (Act 2,1-13), não será a única experiência do Espírito Santo para Pedro, (Act 4,31;10-44), mas é, podemos assim dizer, a força impulsionadora que fará da Fé destes homens uma experiência contínua da Graça.
Como Pedro, cada pessoa faz uma experiência de fé diferente do outro, uns correm, outros caminham, o importante é fazer essa experiência. Foi a experiência do encontro com o Ressuscitado que transformou radicalmente a vida daqueles discípulos.
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Fontes bíblicas: Difusora Bíblica – Capuchinhos.
(1). Catecismo da Igreja Católica (site do Vaticano)
4 comentários:
Uma boa introdução ao livro,abundantemente apoiada nos textos bíblicos,que nos situam e apoiam nas várias experiências de Fé.
Espera-se o acesso ao livro todinho....rs
Menina... não é a introdução..risos... vou deixar aqui um esboço do conteúdo do livro pq ainda está na "secção do lápis azul", e tb ainda falta acabar os nº 14 a 18 que estão apenas em esboço... que trabalheira, nunca mais me meto noutra aventura destas....
1.Introdução
2. Pedro
3. O Discípulo
4. O Discipulado
5. Itinerário do Discipulado
6. A Chamada
7. O Seguimento .
8. A Amizade
9. Envio – Missão
10. Cartas de S. Pedro.
11. A Fé como Experiência
12. Vida de Igreja. (Experiência - Caminho Eclesial).
13 . O Pentecostes
14 . Pregações
15 . 1ª Comunidade
16. Milagres
17. Perseguições
18. Primado e lugar de Pedro na Igreja.
Orem para que esteja pronto rápido, bem precisamos deste apoio nos grupos e na lectio divina.... este ano fiquei eu responsável por a lectio Divina, era o Padre que a dirigia antes... um bom grupo mas exigente...
Santa tarde...
o ponto 18. foi sujestão do meu querido prior... nem sei como abordar os ares de Roma, sem escorregar no "sal" que fugiu do "saleiro"... estou mesmo a ver o resultado... aí a loiça... ai Senhor...
Para a sugestão do seu querido prior envio para o mail alguns elementos que ,eventualmente,possam ajudar.
Abraços fraternos
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