Pois...
Moltmann diz:
“A realeza do Deus uno e trino não se espelha nas coroas dos reis nem no
triunfo dos vencedores, mas sim na face do Crucificado e na face dos oprimidos, dos quais ele se tornou irmão [...]. A realeza do Deus uno e trino espelha-se também na comunidade de Cristo: a comunhão dos fiéis e dos pobres
5 comentários:
Ao ler-vos, estou a recordar um episódio que se passou no santuário de Fátima no dia 13 de Setembro, precisamente ao pé da capelinha! Um senhor, vestindo e transpirando por todos os poros da sua alma e olhar uma humildade que por sinal ali tanta falta estava a fazer no meio daqueles que rodeavam o cardeal africano, (foi nomeado recentemente por Bento XVI para dirigir (o Justiça e Paz) e convidado este ano a presidir as celebrações… eu estava a 5 metros dele (com o grupo de peregrinos que acompanhei este ano) nesse momento em que desceram a imagem do andor para a voltar a recolher no local da capelinha… quando recolheram a imagem ficou aquele andor repleto de flores brancas, ali meio perdidas, como que abandonadas… enquanto aquele senhor chorava pedindo que lhe deixassem recolher uma flor…
Mas ali bem identificados naquelas alças de couro ridículas que usam, ali estavam os novos discípulos como os de outrora que também tentavam impedir que as pessoas chegassem perto de Jesus… era a loucura da continuidade do mesmo gesto absurdo do afastar da graça… e nem uma flor no meio de tantas foi ofertada àquele homem que ali ficou a chorar como um menino que olha para a sua mãe…!
Neste desenrolar do trágico da razão humana que perverte tantas vezes o Amor, outra “tragédia” ali também acontecia… aquele cardeal presenciou aquele episódio impávido, mas logo despertou dessa letargia da compaixão, e reagiu pedindo que lhe trouxesse a imagem bem perto para que ele pudesse ver onde estava a bala que feriu João Paulo II, tocando-a ávido e beijando aquela coroa que tantos continuam na sua teimosia a impor a uma mulher que apenas desejou viver na humildade de uma mãe como tantas dos nossos tempos também… Pobre Maria de Nazaré, imagino-te a sentir essas coroas que desenham a ostentação, a vaidade e o poder dos homens…
Pobres lágrimas derramadas por tantas flores que transformadas na mesa dos pobres dariam para comprar algum pão para tantas bocas famintas….
Quando vi reagir aquele cardeal ali a mesmo ao lado daquele homem que pedia uma flor, ainda pensei que ele iria recolher uma flor para lhe ofertar... mas não... infelizmente, aquele gesto trazia nele apenas a preocupação de tocar na bala que depositaram naquele coroa com que coroaram a Mãe de Jesus...!!!
…Imaginem, escolheram logo um objecto que carrega nele e na sua força destruidora, tanto ódio dos homens.... realmente as escolhas dos homens são muitas vezes balas que matam a Esperança...!
VP, este seu apontamento faz-me um sentido muito particular, agora que tenho nos olhos semi-cerrados a gruta de Belém (se não foi realmente aquela, terá sido outra parecida na pobreza...), as ruínas que limitam o perímetro das pequeninas e humildes casas de Cafarnaum, o pó rosado do deserto nas minhas sandálias, tal como outrora, o traje ainda tão arcaico das mulheres dos lugares remotos, que me lembraram Maria...
Que longe estamos... Como estrangeiros nos tornámos! O Senhor das Bem-aventuranças nos recorde as suas palavras e nos livre dos nossos inimigos: o dinheiro, o desejo de poder, a impiedade, a indiferença...
Difícil de entender que as realezas do Reino nada têm a ver com as do mundo...
Jesus foi coroado de espinhos...assim as suas representações evitam que sejam adornadas com as pompas do mundo...
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