Ontem fui à Feira do Livro do Porto ver Tolentino Mendonça, um desejo muito antigo.
Hoje comprei dois dos seus livros de poemas, O viajante sem sono, A estrada Branca e uma peça, Perdoar Helena. Dele já tenho Leitura infinita e A constução de Jesus. Gosto do pensamento de Tolentino, gosto de como exprime esse pensamento, gosto de ouvir a sua voz calma de quem caminhando sem pressa sabe para onde vai.
O SILÊNCIO
Regressamos a uma terra misteriosa
trazemos uma ferida
e o corpo ferido
imprevistamente nos volta
para margens mais remotas
Giorgio Armani tinha declarado
àquele jornal inglês: «o luxo desagrada-me,
é anti-democrático.
Quero agora homenagear os operários de todo o mundo»
Eu só pensava em São João da Cruz
enquanto ouvia pela enésima vez:
«a moda substituiu o luxo
pela elegância»
João da Cruz fala de coroas,
resplendores, casulas
véus de seda, relicários de ouro e
diamantes
para lá do jogo das nossas defesas
qualquer coisa interior
a intensa solidão das tempestades
os campos alagados,
os sítios sem resposta
o teu silêncio, ó Deus, altera por completo os espaços
(De A estrada branca)
Hoje comprei dois dos seus livros de poemas, O viajante sem sono, A estrada Branca e uma peça, Perdoar Helena. Dele já tenho Leitura infinita e A constução de Jesus. Gosto do pensamento de Tolentino, gosto de como exprime esse pensamento, gosto de ouvir a sua voz calma de quem caminhando sem pressa sabe para onde vai.
O SILÊNCIO
Regressamos a uma terra misteriosa
trazemos uma ferida
e o corpo ferido
imprevistamente nos volta
para margens mais remotas
Giorgio Armani tinha declarado
àquele jornal inglês: «o luxo desagrada-me,
é anti-democrático.
Quero agora homenagear os operários de todo o mundo»
Eu só pensava em São João da Cruz
enquanto ouvia pela enésima vez:
«a moda substituiu o luxo
pela elegância»
João da Cruz fala de coroas,
resplendores, casulas
véus de seda, relicários de ouro e
diamantes
para lá do jogo das nossas defesas
qualquer coisa interior
a intensa solidão das tempestades
os campos alagados,
os sítios sem resposta
o teu silêncio, ó Deus, altera por completo os espaços
(De A estrada branca)
2 comentários:
Não conheço, mas parece-me, pela amostra, que vou querer conhecer.
Escrita depurada,mas sentido oculto ...
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