A Videira Verdadeira...!

“Saboreai e vede, como o Senhor é Bom…” Salmo 34,9

Existem pessoas, que após anos de reclusão numa prisão e sendo libertos, não conseguem nunca mais enfrentar e adaptar-se ao mundo exterior, preferindo regressar à prisão, trocando assim a liberdade pela segurança de uma cela, de comida certa e de “amigos” que ali deixaram, nas amizades cimentadas em anos desse voo da existência humana no estertor de quem tenta voar sem as asas da liberdade!

E isto faz-me recordar muita gente também que vive dentro da sua “Igreja” e continua a exigir a liberdade dentro dela, sem jamais conseguirem se libertar a eles próprios!

E se alguém os tenta empurrar para “fora”, abrir-lhes as portas do coração oferecendo-lhes a liberdade que lhes sussurra na alma as palavras: “Foi para a Liberdade que Cristo vos libertou!” (Gal 5, 1), alguns até conseguem e dão o salto...! mas percebe-se logo que nos dias seguintes, (às vezes nem dura sequer um dia imaginem!), logo que essa mesma liberdade os encontra e lhes pede decisões que implicam mudar de caminho nas escolhas que por vezes carregam dores, incompreensões e abandonos, facilmente são tomadas de pânico e logo a nostalgia do “aquário-cativeiro” as invade de tal forma que preferem ser eternos prisioneiros das suas próprias decisões, ainda que continuem a “acusar” os outros das suas prisões interiores e exteriores…!

Um dos melhores caldos para fermentar as neuroses e os vícios humanos é o pensamento e a corrente teológica que “ensinou-organizou” na mente humana a ideia da “Igreja” como sendo a videira verdadeira…!

Ao contrário da Videira Verdadeira que apenas dá “fruto”, a outra, essas “videiras-Igrejas”, dão fruto mas apenas aquele fruto com sabores do “muito fazer” e do “funcionalismo”… ácidos como tudo, mas tão desejados de ambos os lados da mesa dessa partilha humana que tanto gosta de alimentos cozinhados pelo seu próprio coração, no chafurdar dos pratos já encardidos de tanta mentira humana …!

Infelizmente, o que mais abunda por essas cidades fora são essas tais “igrejinhas e igrejas”…. as tais "videiras verdadeiras...!" na qual se alimentam aqueles que nelas vivem a sua caminhada…! E a realidade nua e crua é que os frutos que os seus ramos carregam são apenas “resultados”, gerados pela seiva do “tronco-organização”  que as alimenta e ao mesmo tempo “extrai-sangra”, “sugando-contabilizando” o que ainda resta, até aos limites dos seus próprios interesses, a vida que nelas poisou como aves feridas em que se tornaram tantas almas que caíram ou habitam por vontade própria nessas “gaiolas-prisões” da espiritualidade a romper de espíritos farisaicos…! E depois admiramo-nos de existir tanta gente cristã, enferma de tanta neurose da culpa…!

Se continuarmos a inocular na mente e no coração dessas pessoas que o verdadeiro fruto significa e  é o “muito fazer”, e a “devoção cega e muda”, como resultado da obediência que devem, como se fossem os eternos devedores daquilo que já foi pago de uma vez por todas na Cruz por Cristo… então, nunca irão compreender no coração que o fruto verdadeiro é apenas medido pela qualidade do Amor com que alimentamos os outros e a nós próprios e que nasce da Verdadeira Videira que é Jesus Cristo…!

E por mais absurdo que nos pareça, afinal tudo isto é tão terrivelmente simples…! E o que é simples?

Que o fruto verdadeiro de uma Videira é um cacho de uvas apenas… que o fruto de uma macieira é uma maçã apenas… que o fruto da VIDEIRA VERDADEIRA que é Jesus é o AMOR genuíno com que Ele nos amou até ao fim, sem pedir nada, mas mesmo nada em troca a não ser que aceitássemos saborear esse fruto do AMOR nas nossas vidas…!

Quando é que vamos parar de correr como enfermos e neuróticos atrás de frutos envenenados e poluídos pelas doutrinas meramente humanas…!

Que o Senhor nos liberte de todos os ENXERTOS que tornam frutos sãos e comestíveis para a nossa alma e a nossa vida espiritual, em frutos podres ou frutos manipulados pelos egoísmos humanos que paralisam e adoecem a nossa vida e nos impedem de saborear os frutos da VIDEIRA VERDADEIRA…!

“Saboreai e vede, como o Senhor é Bom…” Salmo 34,9 ...

ir.victor