*** Sanctus...Sanctus...Sanctus *** E é importante apoiar-se numa comunidade ,mesmo que seja virtual,porque entre aqueles e aquelas que a compõem,encontram-se os que estão nos tempos em que o dia vai ganhando, pouco a pouco, à noite. Irm.Silencio

sexta-feira, 5 de junho de 2009

No site de Taizé

Meditação do irmão Alois

Pentecostes:"Que o teu espírito de bondade me conduza!"

Pentecostes, vitral do irmão Eric de Taizé

Em muitas regiões do mundo, a festa do Pentecostes chega numa altura em que a natureza está muito bonita. Irrompe a Primavera, anuncia-se já o Verão, cresce o trigo nos campos e o vento distrai-se a brincar com as espigas como se fosse ele que as fizesse crescer. Em Israel a festa do Pentecostes era uma acção de graças pelo trigo maduro. Em várias parábolas, Jesus fala do Reino de Deus que chega através de uma maturação. O Pentecostes marca o tempo da colheita.

Mas o Pentecostes é também a irrupção da novidade, do inesperado. O que se passou no Sinai foi uma prefiguração, que encontra agora uma realização. Deus dá a conhecer a sua vontade, no entanto a sua Lei já não se grava em tábuas de pedra mas sim nos corações. Já não é apenas uma pessoa (Moisés) que permanece diante Deus; o fogo do Espírito desce sobre todos. Pelo Espírito Santo, é o próprio Deus que vem habitar em nós. Sem intermediários, ele está presente. É para nos fazer entrar numa relação pessoal com Deus que o Espírito Santo nos é dado.

Se o Espírito Santo permanece frequentemente discreto, apagando-se a si próprio, é porque não quer tomar o nosso lugar mas sim fortificar a nossa pessoa. No mais profundo do nosso ser, ele diz infatigavelmente o sim de Deus à nossa existência. Há uma oração que é acessível a todos: «Que o teu espírito de bondade me conduza!» (Salmo 143,10). Levados por esse sopro, podemos avançar.

No final da sua vida, o irmão Roger dirigia as suas orações cada vez mais frequentemente ao Espírito Santo. Queria motivar-nos a confiar na sua presença invisível. Sabia que o combate interior para nos abandonarmos ao sopro do Espírito e acreditarmos no amor de Deus é algo de decisivo na vida humana.

Há muitos anos que alguns dos meus irmãos vivem na Coreia. Um dia, quando os visitava, fomos a um mosteiro budista. Fomos recebidos muito fraternalmente. Senti uma grande admiração por aqueles monges budistas que, corajosamente, procuram ser consequentes com a sua visão. Fazem um grande esforça para não estarem centrados em si mesmos, para se abrirem a uma realidade maior que eles, a um absoluto. Desenvolveram uma profunda sabedoria, uma procura de misericórdia que nós partilhamos com eles.

Mas como podem perseverar, perguntava-me eu, sem acreditar num Deus pessoal? O seu compromisso implica uma extrema solidão. Nós, como cristãos, acreditamos que o Espírito Santo habita em nós, que formamos nele o corpo de Cristo e que podemos tratar Deus por «tu»: é um passo enorme, inimaginável para uma grande parte da humanidade. Será que somos suficientemente conscientes disso?

Regressei cheio de um novo espanto perante a Revelação trazida por Cristo e disse-me: não será urgente que nós, cristãos, mostremos através da nossa vida que o Espírito Santo está a agir?

Comecemos por aprofundar o mistério da comunhão que nos une. Quando nos voltamos juntos para Deus, numa oração comunitária, o Espírito Santo reúne-nos nesta única comunhão que é a Igreja e concede-nos nascer para uma vida nova.

O primeiro dom do Espírito Santo é o perdão. Cristo ressuscitado disse aos seus discípulos: «Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados» (João 20,22-23). A Igreja é antes de tudo o mais uma comunhão de perdão. Quando compreendemos que Deus nos dá o seu perdão, tornamo-nos aptos a dá-lo também aos outros. É claro que as nossas comunidades e as nossas paróquias são sempre pobres e estão longe daquilo com que sonhamos. Mas o Espírito Santo está continuamente presente na Igreja e faz-nos avançar no caminho do perdão.

Cristo envia-nos a proclamar a Boa Nova ao mundo inteiro, mas também nos pede para discernirmos os sinais da sua presença aonde ele nos precede. Os primeiros cristãos ficaram surpreendidos ao descobrir a presença do Espírito aonde não a esperavam (ver Actos 10). O próprio Jesus ficou admirado com a fé de um soldado romano (Lucas 7,1-10). Será que nós nos conseguimos admirar reconhecendo as expectativas espirituais dos nossos contemporâneos?

Deixemos também crescer nas nossas vidas os frutos do Espírito: «Amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, auto-domínio» (Gálatas 5,22-23). O Espírito leva-nos a caminhar em direcção aos outros, e em primeiro lugar em direcção àqueles que são mais pobres do que nós. Numa solidariedade concreta com os pobres, a luz do Espírito Santo pode inundar a nossa vida.

Sim, o Espírito Santo está hoje a agir. Ele repete incessantemente no nosso coração o amor de Deus. Felizes os que não se abandonam ao medo, mas se abandonam ao sopro do Espírito Santo. Ele é também a água viva, o Espírito de paz que pode irrigar o nosso coração e, através de nós, comunicar-se no mundo.

2 comentários:

Ana Loura disse...

Ruisito, vens poucas vezes, mas trazes os alfroges recheados de coisas lindas!!!!

Beijinho

Ana Loura disse...

Maria, desculpa a confusão. Não sei como "vi" a assinatura do Rui lá em baixo