Retiro na cidade- 23 de Março

Imagem retirada do site da EB2,3 da Areosa

Não faço mais nada senão cantar

A Palavra de Deus

«Os que nos levaram para ali cativos
pediam-nos um cântico;
e os nossos opressores, uma canção de alegria»


Salmo 137 (Bíblia dos Capuchinhos)

A meditação

Cantar é uma actividade humana tão natural que nos acontece a todos trautearmos melodias populares, quando conduzimos, quando caminhamos, ou quando tomamos duche… O canto é tão universal que é quase surpreendente que seja uma profissão, o «ofício de cantor», com os seus códigos e as suas regulamentações. Finalmente, pareceria que não é cantor quem quer ! Mas no fundo, porquê, para quem cantamos ?

Muito frequentemente, eu canto para mim próprio, para relaxar ou porque faz bem, e essa canção ouvida e depois repetida permite-me que expresse os meus sentimentos, a minha emoção, a minha tristeza?

Mas pode acontecer que os meus refrãos não aliviem nada, que acrescentem apenas peso à minha existência, encaminhando-me sem descanso a uma imagem falsa de mim mesmo. Identificando-me com um «ídolo» da canção, eu sobrecarrego a minha vida com tudo o que eu não sou: uma imagem brilhante, berrante… e efémera! Esta imagem que construo torna-se no meu carrasco.

O cristão que canta deve de ser antes de tudo aquele que para de sonhar, que não se toma por artista. Quando eu canto a minha alegria não vem do que eu faço, mas do que sou: uma criatura de Deus. O meu canto pode ser livre, suave, pois não é senão uma resposta gratuita a Deus, ele que me criou gratuitamente, por amor. Eu fui feito para isso: cantar para Ti, meu Deus, sem motivo!