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segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O resgate do Soldado Ryan...!


O resgate de todos os soldados ryans que existem em nós…!
Já há algum tempo, não muito, fui ver este filme… Pesado, tão absurdo como o são todas as guerras, como foi a 2ª guerra e que o realizador retrata neste filme…

Quero descrever uma cena que nunca mais esqueci, e que nestes últimos tempos se tem exposto ao meu olhar, em vivências concretas entre gente que se cruza no meu caminho…! Nesta cena, percebi naquele tempo, aquilo que é capaz a maldade humana acossada pelos medos…

Esta cena, passa-se entre dois soldados, um americano e uma alemão, este último o perseguido.... ... em determinado momento do combate, os dois correm até um dos prédios em ruínas pelos bombardeios das forças aliadas… dentro do prédio, sentindo-se encurralado e sem arma, o soldado alemão “saca” do seu punhal e envolve-se numa luta corpo-a-corpo com o soldado americano…!

Ambos lutam, como animais que sentem a vida encurralada, num beco sem saída…

Num determinado momento, a força e o tamanho do alemão levam a melhor e este acaba por encontrar-se em cima do americano com a sua faca, encostada ao peito deste…

Enquanto um tenta cravar a faca no peito, o outro resiste e tenta segurar as suas mãos…

Mas a lâmina vai avançando, lentamente… são segundos que a mim me parecem eternos ao ver aquele gesto…

E a lâmina vai perfurando lentamente a pele, a carne... entrando lentamente por aquele peito...parecia sentir-se o rasgar , lancerando o interior daquele peito... enquanto o soldado americano, pleno de dores, apela ao outro que pare... que ele se rende, pronto, que páre, basta, que lhe poupe a vida…!

Mas o outro, com o medo e o pavor também espantado no rosto, não pára…!

Fiquei siderado… o realizador conseguiu colocar aquela sala de cinema onde eu me encontrava em silêncio total… sentia-se, parecia que éramos todos os que ali estávamos os que apontávamos aquela faca… e também os que sentíamos aquela lâmina a entrar dentro de nós…

Foi lento aquele caminho que a lâmina traçou… foi demasiado lento meu Deus… e no final daquele gesto de uma enormidade humana total, o realizador focaliza a câmara no olhar do soldado americano que num misto de espanto e multidões de sentimentos que não consigo agora aqui descrever, sente a morte a chegar, impiedosa, lenta, na maldade do outro…!

Isto tudo porquê…! Porque estou a escrever esta partilha…!

Por vezes, passamos pela mesma experiência, no sentir das muitas “lâminas” que outros nos enterram, numa lentidão e maldade interior que se esconde tantas vezes num rosto que apregoa o amor e a compaixão, mas que também se esconde e vive cheio de medos…!

E não basta matar…! Parece que é preciso fazê-lo lentamente…numa perversidade que nos marca o rosto de espanto misturado em mil sentimentos… pior quando esse carregar lento da lâmina parte daqueles a quem mais esperávamos a Compaixão… o Perdão…!

Como pode Deus habitar no meio de nós, se perpetuamos esse Caim e Abel ainda hoje…! Como pode…! Que Ele tenha compaixão de nós, que paremos essa luta eterna para onde nos atiram os medos que ainda habitam ainda em todos nós…!

Que o Senhor de todas as compaixões, resgate todos esse “soldados Ryans” que existem ainda em nós…!

1 comentário:

Anónimo disse...

Quando se desconhece o sentimento, puro do AMOR,desconhece-se os outros complementos,daí cada vez mais assistirmos à violência que grassa por aí a todos os níveis.
Não é moralismo, que os jovens e os não jovens necessitam,é sim de um sentimento que deixou de existir há muito e,cada vez mais duvido se ele voltará um dia...muito mais importante do a compaixão e o perdão.
Os mal amados sabem do qual estou a pensar.