*** Sanctus...Sanctus...Sanctus *** E é importante apoiar-se numa comunidade ,mesmo que seja virtual,porque entre aqueles e aquelas que a compõem,encontram-se os que estão nos tempos em que o dia vai ganhando, pouco a pouco, à noite. Irm.Silencio

quinta-feira, 20 de março de 2008

o dia a dia dos trapistas



É mais importante ser do que fazer. Um horário seria letra morta se o não preenchessem vidas animadas por um dinamismo interior. A razão de ser da vida monástica é Deus, que é, por direito, o PRIMEIRO a ser servido. O monge não existe por ser útil segundo os parâmetros da sociedade de consumo, mas, como diz o Concílio Vaticano II: "os dons do Espírito Santo são diversos: a alguns chama-os a darem claro testemunho do desejo da pátria celeste e a conservarem-no vivo no meio da humanidade..." (G.S. nº 38).


A vida monástica caracteriza-se pela procura constante do rosto de Deus, na oração, no trabalho e na vida fraterna. Não é uma questão de métodos nem de exercícios, mas de atitudes, de disposição do coração, séria, profunda como foi toda a vida de MARIA de NAZARÉ, modelo de todo o monge/monja cisterciense que reconhece humildemente a vocação como um dom do Alto, que não é concedido a muitos.

O dia no mosteiro começa antes que amanheça: monges e monjas, em todo o mundo, levantam-se muito antes da aurora para velar e orar. O ofício de Vigílias, o mais longo do dia, tem lugar em plena noite: hinos, salmos, leituras da Palavra de Deus e dos Padres da Igreja convidam-nos a exprimir, por meio do canto, a alegria e a súplica, tanto suas como dos homens e mulheres seus irmãos. Segue-se um tempo de oração privada e leitura.

Ao amanhecer, a comunidade reúne-se outra vez no coro para começar o canto de Laudes, a oração de louvor que, cada manhã, se eleva ao Criador. Nela se recorda Cristo ressuscitado, Sol nascente da nova criação, que, na aurora da sua Ressurreição, faz novas todas as coisas.

Segue-se a celebração da Eucaristia, o coração da jornada monástica, num clima de interioridade e sobriedade, segundo a tradição cisterciense. Podem assistir a ela todos os que o desejarem.

Logo a seguir, após uma breve refeição facultativa, a comunidade entrega-se à Lectio divina, uma leitura lenta, profunda, saboreada, da palavra de Deus contida na Bíblia e comentários da tradição patrística e monástica, tanto antiga como moderna. O fim da Lectio divina é alimentar a alma do monge/monja no seu crescimento interior através do conhecimento de Deus e da sua vocação.

Este alimento prolonga-se na escuta atenta do ensinamento do abade/abadessa que tem lugar na sala do Capítulo (por nela se ler e explicar, cada dia, um capítulo da Regra), depois do breve ofício de Tércia, que antecede o trabalho.

Ao meio-dia, após umas três horas de trabalho o sino reúne a comunidade para o pequeno ofício de Sexta. Segue-se a refeição principal do dia, caracterizada pela frugalidade, própria da tradição cisterciense, embora não falte a quantidade e qualidade necessárias para uma saúde equilibrada. Esta refeição é sempre acompanhada de leitura para alimento da alma...


Um tempo de descanso, de leitura ou oração, prepara a comunidade para o trabalho da tarde, após o breve ofício de Noa cantado no coro como os anteriores.

É importante notar que, dentro do quadro comunitário, o trabalho processa-se num clima de silêncio alegre, de coração desprendido e de partilha, porque, no mosteiro, não imperam as leis da sociedade de consumo mas as do Evangelho.

Pelas 17h, o trabalho acaba. As últimas horas do dia, vão mergulhar o mosteiro em maior calma e paz. A comunidade entrega-se de novo à Lectio divina ou à oração silenciosa até Vésperas, o grande ofício da tarde correspondente às Laudes da manhã. À hora em que a noite cai, em que os homens anseiam pelo descanso depois de um dia de trabalho duro ou de sofrimento, o monge/monja reconhece a misericórdia de Deus, agradece as maravilhas que Ele realiza na história dos homens e intercede por todos.


Segue-se a pequena refeição da noite e um tempo de leitura até ao ofício de Completas que reúne, por última vez, a comunidade no coro. No limiar da noite, cantam a sua confiança e abandono nas mãos do Pai e encomendam-se à Virgem Maria no canto da Salve Regina, próprio do ritual cisterciense.

A vida no mosteiro é um serviço do Senhor, no amor e na gratuidade. Não é, de nenhum modo, um serviço uniforme, que cria um modelo único de monges/monjas. Cada um pode encontrar nela o seu lugar segundo os seus dons, capacidades e generosidade.



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