*** Sanctus...Sanctus...Sanctus *** E é importante apoiar-se numa comunidade ,mesmo que seja virtual,porque entre aqueles e aquelas que a compõem,encontram-se os que estão nos tempos em que o dia vai ganhando, pouco a pouco, à noite. Irm.Silencio

sexta-feira, 28 de março de 2008

Degraus da Humildade...

‘Os santos’ — disse Bernanos [o conhecido autor do Diário de um pároco de aldeia] , ‘não são pessoas resignadas, pelo menos no sentido em que o mundo o acredita. Se sofrem em silêncio as injustiças que perturbam os medíocres, é de maneira a voltar contra a injustiça, contra sua face dura, toda a força de suas grandes almas. As cóleras, filhas do desespero, se insinuam e se debatem como vermes. A oração, afinal de contas, é a única forma de revolta que permanece de pé.” Thomas Merton
Extinguir-se no silêncio abafando o grito dos gemidos inexprimíveis de homens fragilizados pelos combates da vida, torna-nos “presas” fáceis para que a dor ocupe o espaço onde acolhemos o “Toque” que nos sara as feridas do desespero; esse toque da esperança que ali foi impresso pelo Senhor na sua passagem através da brisa do Espírito Santo que nos permitiu o encontro entre a “Oração do Filho no Pai” e a “Oração do Filho no Irmão”, adoptado na filiação divina; todo aquele que se deixou abraçar pelo Seu gesto na Cruz, o “golpe da redenção” que nos trespassou a razão e o coração, para que deles jorrasse a oração que chega finalmente ao coração do Pai, a oração de louvor e agradecimento que está definitivamente purificada da “oração do pedido”, oração que leva subtilmente nela impressa, a vontade de “possessão”, ainda que esse possuir seja apenas para suprir a necessidade básica de homens que somos!
A humildade jamais desnudará a humanidade daqueles que a acolhem, antes os aperfeiçoará e os moldará para que, abrigados pela verdade que lhes fustiga a fé construída sobre os alicerces da razão que buscam aproximar e “moldar” o divino, essa verdade forjada no forno do Espírito Santo, purificada no fogo do divino, escave até ao mais profundo de cada homem e mulher e chegue finalmente ao “veio da fonte” que neles existe, a “essência do divino” ali depositada no momento da Criação e que faz jorrar a vida na plenitude apesar dos constantes desvios das correntes das águas do perdão e da misericórdia, porque encontram nos seus caudais, imensos diques, forjados por mãos e ideias humanas..!
“Mas todos nós temos o rosto descoberto, reflectimos como num espelho a glória do Senhor e nos vemos transformados nesta mesma imagem, sempre mais resplandecentes, pela acção do Espírito do Senhor.” IICor.3,11
Os humildes, são corações em constante ebulição, e são-no porque no seu interior a oração age como uma “implosão”, mas, ao contrário dos efeitos de uma implosão, que destrói interiormente, esta implosão provocada pelas forças da oração age como aglutinador da essência do divino que faz parte do próprio ser criado e que havia sido estilhaçada em pedaços pelas forças do mal que conseguiram penetrar na interioridade da alma, misturando-se subtilmente, como o fazem as sombras das dúvidas e das fraquezas humanas nas noites da fé! Humildade significa pois a constante ebulição entre a oração e a fé, ebulição que acaba por romper um dia a luz do dia, como se trata-se de “um nascer de outro Nicodemos em cada um de nós”; é como que o nascimento de um novo vulcão, que é um coração santo, como o foi Francisco de Assis e tantos outros santos e santas, por isso tantos estragos no e pelo Amor …! O fogo expelido por tais “vulcões” jamais será extinguido, quando muito pode voltar a adormecer por mãos e corações que perderam o sabor e a marca da humanidade…!
Como diz Thomas Merton, a “Oração” é a única arma dos humildes. Nela as sentinelas da Igreja, vigiam e guardam as muralhas da Igreja, construída sobre as pedras vivas do Senhor, todas essas vidas que no silêncio e na humildade se doaram na totalidade.
Mas quem poderá suster as forças expelidas cada vez com mais força e poder desses vulcões que levam no seu interior a lava transformada em “Fogo do Espírito Santo” e que se aproxima cada vez mais rápido dos muros da Igreja?
“Buscai o Senhor, vós todos, humildes da terra, que observais a sua lei; buscai a justiça e a humildade: talvez assim estareis ao abrigo no dia da cólera do Senhor.” Sofonias 2,3

1 comentário:

Rui Melgão disse...

Ao ler este texto deu-me uma vontade enorme de rezar...

Sejamos então sentinelas na oração...