... da alma de um monge...!

As melhoras horas em que a alma de um monge consegue sair dos claustros do corpo e correr a embriagar-se de vida cheia de sonhos da criança que continua a habitar dentro de si, acontecem pelas madrugadas mais silenciosas, normalmente após as vigílias, naquele período em que as primeiras luzes da alvorada e a luz frágil da lâmpada do sacrário se encontram e ali ficam ajoelhadas na temporalidade escutando os murmúrios orantes daquela silhueta vestida de um branco areia que diluída na escuridão de um recanto dos claustros, entrou pela porta da outra dimensão da vida e agora caminha por uns instantes no tempo suspenso pelo tempo divino enquanto passeia a alma na outra margem da vida conversando com os anjos, alguns deles antigos companheiros dos claustros…!

O pior é quando o silêncio da noite começa a ficar preocupado com a longevidade de tal passeio e ainda por cima acompanhado naqueles sussurros que aquela silhueta vai “gargalhando”… “musicalizados” por aqueles sons a que os homens que nunca fizeram tal experiência da alvorada de um coração-monge agora chamam de “ressonar…!

… realmente já não há mais respeito... e ainda por cima não poderiam ter encontrado melhor insulto para a ingenuidade e a beleza de um coração-monge só porque se distraiu tal o prazer que sente no repouso daqueles prados verdejantes que em alguns instantes (estranho…!) aqueles prados parecem-se e sentem-se de alguma dureza estranha… como explicar… algo como um colchão cheio de pedras duras e frias de uma Igreja…!

Bom… melhor fechar agora a porta dessa alma e recolher ao segredo que só o silêncio dos claustros sabe guardar…