A Pietà da Catedral de Bragança

Carregas a nossa humanidade até ao fundo do teu colo
As cidades íngremes por onde passamos, as sirenes empastadas de alarme,
O peso do corpo anoitecido
As cidades íngremes por onde passamos, as sirenes empastadas de alarme,
O peso do corpo anoitecido
Não há árvore do horto de Deus que ao alto mais pura se eleve
Mas é doloroso trabalho o do amor em que inteira brilhas
Ó Mãe indefesa como um fogo
Mas é doloroso trabalho o do amor em que inteira brilhas
Ó Mãe indefesa como um fogo
Passas por nós devagar as mãos protetoras
E o tempo desse amor transparente e íntimo
torna brandas as tempestades em que nos consumámos
E o tempo desse amor transparente e íntimo
torna brandas as tempestades em que nos consumámos
Chovemos no teu regaço a nudez dos nossos sonhos
tatuados a cinza trémula e a vazio
Mas degrau a degrau, cambaleantes subimos
Quando inclinas para nós o manto, espaço da visão aberta
tatuados a cinza trémula e a vazio
Mas degrau a degrau, cambaleantes subimos
Quando inclinas para nós o manto, espaço da visão aberta
Consola-nos o abraço do teu silêncio em flor
E a canção do teu sorriso nos reergue
E a canção do teu sorriso nos reergue
O milagre se faz ver no fruto do teu ventre
Em ti começa a palavra prometida e plena
Por isso festejamos a roda do teu colo
Em ti começa a palavra prometida e plena
Por isso festejamos a roda do teu colo
José Tolentino Mendonça
Poema lido na bênção da Pietà de José Rodrigues, catedral de Bragança, 22.08.2012
Poema lido na bênção da Pietà de José Rodrigues, catedral de Bragança, 22.08.2012
1 comentário:
Sim também concordo, a Pietà de Notre Dame de Paris é muito mais expressiva... a Fé materializada na arte...
Santod ia a todos...
Enviar um comentário